sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Solidão

Sofro de solidão. Um mal crônico que apodrece lentamente a minha alma.
É doença de nascença, vinda da minha busca por buscar e da perplexidade em que me encontro ao deparar-me só em minha jornada.
Como posso atrair pessoas para comigo trilharem?
O único método que encontro é entrar em seus caminhos na débil tentativa de ligá-los ao meu. Porém, a estrada que os leva não tem retorno, nem tampouco é desviável. Passo ao intento de construir uma ponte, mas deparo-me com as cercas que envolvem meu território. Essa proteção imaginária se mostra mais dona do meu apreço e, por conseguinte, mais importante do que a ponte.
Eis-me aqui e agora. Cercada por pontes inacabadas e por meu muro invisível (talvez a única coisa que finalizei) em minha rotatória. O único caminho que parece possível (alguém veria outro?) para prosseguir são as pontes. Elas não existem, o caminho também não.
Somente eu. Apenas as vozes e a presença ao redor. Às vezes, alguma participação especial. Nada que reverta o monólogo que se tornou minha vida.
Sinto o cansaço do processo que não acabei. Mas também sinto o abandono de realizar sozinha esse projeto inacabável. Sempre.
Hoje eu quero que alguém entre no meu caminho, ultrapassando o muro invisível que me cerca, assim como muitas vezes me esforcei para ultrapassar o muro alheio, e construa a outra metade da ponte.

Hoje eu não quero mais ser só. 

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