(Aviso: esse texto pode conter spoilers sobre o filme Divertida Mente e o curta Lava! Se você não quer saber o que acontece no filme ou no curta, não leia!)
Lava
Sempre antes de um filme da Pixar, há um curta. O curta da vez é Lava, que conta a história de um vulcão que quer encontrar seu verdadeiro amor e canta uma musiquinha fofa.
Não encontrei em português, mas ele basicamente canta (em tradução livre):
"Eu tenho um sonho que eu espero que se realize. Você aqui comigo, eu aqui com você. Eu desejo que a terra, o mar, o céu lá em cima me mandem alguém para amar".
Muito tempo passa e o vulcão, sem encontrar seu amor, para de soltar lava. Mas embaixo do mar tem uma vulcão que sempre escuta ele cantar. Quando ele canta pela última vez, a lava dela aquece e ela emerge pra superfície.
O vulcão vê ali a pessoa que tanto queria, mas não consegue cantar mais porque sua lava secou. Então a vulcão começa a cantar e o reacende.
Final da história: os dois juntos cantando.
Fofinho, vai.
Meu lado romântico idealizador (mals) curtiu.
Divertida Mente
O filme conta a história de Riley sob o ponto de vista dos sentimentos que a controlam dentro de sua mente: Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva.
Alegria lidera as outras emoções na sala de comando da mente e quer que Riley tenha uma vida completamente feliz. Isso faz com que tente manter Tristeza o mais longe possível.
Tudo começa a dar errado quando Alegria e Tristeza são expelidas para fora da sala de comando com as lembranças-base de Riley, ou seja, lembranças que contêm as principais características da menina.
Assim, Riley entra em um estado sem alegria nem tristeza (as outras três emoções não são capazes de manter o equilíbrio) e sem as características que são sua base. Visualmente, essas características são representadas por ilhas. As ilhas perdem o movimento e se tornam cinzentas, até que desabam.
Essa é a maneira que o filme aborda (para crianças) um tema extremamente complexo: a depressão.
Muita gente acha que depressão é um estado de tristeza profunda. Não, é um estado de vazio, no qual a pessoa não sente nem mesmo tristeza. Riley fica assim: vazia.
Durante a jornada para retornar à sala de comando, Alegria percebe que Tristeza é extremamente importante na vida de Riley. Tanto que quando elas conseguem voltar à sala, as duas juntas restabelecem o equilíbrio emocional da menina.
Aqui entra uma lição bacana: a importância da tristeza. Vivemos em um contexto de felicidade compulsória, da busca por estar sempre feliz. Mas às vezes estar triste e chorar é tão importante quanto. E isso fica evidente na cena em que Riley chora com os pais colocando para fora suas frustrações. Só após isso, ela consegue se sentir feliz novamente.
Achei muito legal abordarem esses dois temas em um filme infantil e de maneira tão lúdica.
Eu esperava vários estereótipos de gênero, mas felizmente (tirando a cena da cozinha e a do garoto que deixa o copo cair) não acontece aqui. Tanto que Riley joga hóquei e mostra que lugar de mulher também é nos esportes.
O filme conta com personagens encantadores. Tipo Nojinho e o seu jeito "eu sou a diva que vocês querem copiar".
Além disso, as explicações de como são produzidos os sonhos e de por que jingles ficam repetindo sem parar na cabeça são impagáveis.
Divertida Mente foi, com certeza, uma das melhores animações que eu já vi. Assistam.
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