sexta-feira, 26 de junho de 2015

Livro 15: Lugar de mulher - de Ana Paula Barbi, Clara Averbuck e Mari Messias


Sinopse:
"Chega de sites de mulher com dicas de como secar a barriga, como se vestir pra agradar homem, como decorar sua casa com itens caríssimos, como ser poderosa em 12 lições. Chega de 'moda' que não cabe na maioria de nós enfiada goela abaixo. Chega de regras determinando como uma mulher deve ser, se portar, falar, existir.

O Lugar de Mulher, site criado em 2014 por Ana Paula Barbi, Clara Averbuck e Mari Messias, percebeu o que muitos sites femininos ainda não perceberam: mulher não se interessa só por roupa, cabelo, maquiagem, filhos e enlouquecer seu homem em 16 passos.

Feminismo, cultura pop, corpo, sexo, política, auto-estima, consumo e muito mais você encontrará nesta linda coletânea comemorativa com textos publicados ao longo do primeiro ano de existência do site.


Porque lugar de mulher é onde ela quiser".



Minha opinião:
O Lugar de Mulher é, segundo as fundadoras, um site feminino com um filtro feminista. Ali elas falam de diversos assuntos que interessam a nós, mulheres, mas isso nem de longe é como agradar o gato ou emagrecer tantos quilos. Elas falam sobre roupas, mas também falam da importância do feminismo e de nos posicionarmos. Elas escrevem textos quebrando essa ideia de feminilidade que aprendemos desde crianças ou a ideia de que as outras mulheres são azinimiga. Os textos falam que, não, nós não precisamos agradar ninguém, sobre sororidade, sobre "mitos" relacionados a ser mulher e outras coisas maravilhosas.

Além das três fundadoras do site (e autoras do livro), o Lugar de Mulher também conta com textos de colaboradoras, como a escritora Aline Valek e a blogueira Djamila Ribeiro.

O site completou um ano no dia 28/04 e, pra comemorar a data, as três criadoras decidiram lançar um livro com os melhores textos desse um ano.

"Ai, mas eu vou pagar R$5,99 em um livro feito de textos que estão disponíveis gratuitamente na internet?"

Você pode pensar isso de algumas formas.

1) Como uma contribuição para um site que espalha amor e feminismo pela internet sem cobrar nada.

2) Como você não tem tempo de ler todos os textos publicados até hoje, pense que está pagando por uma curadoria dos melhores textos.

3) Porque é legal.

Pra dar uma amostra, vou deixar aqui o link de três textos (um de cada uma das autoras) que eu gosto e que estão no livro.

A dieta definitiva que você precisa fazer para ser feliz com seu corpo (Ana Paula Barbi)

A melhor amiga da colega é a colega (Clara Averbuck)

Diga não ao Homenzinho de Merda (Mari Messias)


Eu sou leitora do site, então acho que nem preciso falar se gostei do livro ou não.

O livro está disponível pela Amazon (aqui) e pode ser lido pelo app Kindle (tem versão pra celular e pra computador).

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sobre Lava e Divertida Mente



(Aviso: esse texto pode conter spoilers sobre o filme Divertida Mente e o curta Lava! Se você não quer saber o que acontece no filme ou no curta, não leia!)

Lava

Sempre antes de um filme da Pixar, há um curta. O curta da vez é Lava, que conta a história de um vulcão que quer encontrar seu verdadeiro amor e canta uma musiquinha fofa.



Não encontrei em português, mas ele basicamente canta (em tradução livre):

"Eu tenho um sonho que eu espero que se realize. Você aqui comigo, eu aqui com você. Eu desejo que a terra, o mar, o céu lá em cima me mandem alguém para amar".

Muito tempo passa e o vulcão, sem encontrar seu amor, para de soltar lava. Mas embaixo do mar tem uma vulcão que sempre escuta ele cantar. Quando ele canta pela última vez, a lava dela aquece e ela emerge pra superfície.

O vulcão vê ali a pessoa que tanto queria, mas não consegue cantar mais porque sua lava secou. Então a vulcão começa a cantar e o reacende.

Final da história: os dois juntos cantando.

Fofinho, vai.

Meu lado romântico idealizador (mals) curtiu.

Divertida Mente

O filme conta a história de Riley sob o ponto de vista dos sentimentos que a controlam dentro de sua mente: Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva.


Alegria lidera as outras emoções na sala de comando da mente e quer que Riley tenha uma vida completamente feliz. Isso faz com que tente manter Tristeza o mais longe possível.

Tudo começa a dar errado quando Alegria e Tristeza são expelidas para fora da sala de comando com as lembranças-base de Riley, ou seja, lembranças que contêm as principais características da menina.

Assim, Riley entra em um estado sem alegria nem tristeza (as outras três emoções não são capazes de manter o equilíbrio) e sem as características que são sua base. Visualmente, essas características são representadas por ilhas. As ilhas perdem o movimento e se tornam cinzentas, até que desabam.

Essa é a maneira que o filme aborda (para crianças) um tema extremamente complexo: a depressão.

Muita gente acha que depressão é um estado de tristeza profunda. Não, é um estado de vazio, no qual a pessoa não sente nem mesmo tristeza. Riley fica assim: vazia.

Durante a jornada para retornar à sala de comando, Alegria percebe que Tristeza é extremamente importante na vida de Riley. Tanto que quando elas conseguem voltar à sala, as duas juntas restabelecem o equilíbrio emocional da menina. 

Aqui entra uma lição bacana: a importância da tristeza. Vivemos em um contexto de felicidade compulsória, da busca por estar sempre feliz. Mas às vezes estar triste e chorar é tão importante quanto. E isso fica evidente na cena em que Riley chora com os pais colocando para fora suas frustrações. Só após isso, ela consegue se sentir feliz novamente.

Achei muito legal abordarem esses dois temas em um filme infantil e de maneira tão lúdica.

Eu esperava vários estereótipos de gênero, mas felizmente (tirando a cena da cozinha e a do garoto que deixa o copo cair) não acontece aqui. Tanto que Riley joga hóquei e mostra que lugar de mulher também é nos esportes. 

O filme conta com personagens encantadores. Tipo Nojinho e o seu jeito "eu sou a diva que vocês querem copiar".

Além disso, as explicações de como são produzidos os sonhos e de por que jingles ficam repetindo sem parar na cabeça são impagáveis.

Divertida Mente foi, com certeza, uma das melhores animações que eu já vi. Assistam.


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Vamos falar sobre assexualidade?



Eu vejo muita gente (muita mesmo) que ou desconhece a existência da assexualidade ou entendeu o conceito errado. Visando desmistificar e/ou esclarecer do que se trata ser assexual, decidi fazer esse post. Para não correr o risco de falar besteiras, recorri a textos e vídeos feitos por pessoas assexuais que podem ser vistos nos tópicos "Vídeos" e "Links relacionados".

Não existe uma definição oficial e completa ainda sobre o que seria assexualidade. Segundo o site Comunidade Assexual A2:

"Assexualidade é uma das formas de manifestação da sexualidade humana baseada na falta de atração sexual por pessoas. Essa é uma das definições mais bem aceitas da assexualidade, entretanto, ela não abrange todas as pessoas que adotam este rótulo. Podemos dizer que esse conceito ainda está em construção e que ainda não há uma delimitação exata para toda a sua abrangência".

Ainda segundo o site:

"Assexual é a pessoa que não tem interesse na prática sexual com outra pessoa. Diferente do celibato, que é uma escolha, e do desejo sexual hipoativo, que é uma patologia, a assexualidade está atrelada à falta de interesse em relações sexuais, fato que não impede a formação de laços afetivos e românticos por assexuais com terceiros".


Alguns mitos

Primeiramente, não é uma doença. 

Segundamente, não é falta de fazer sexo ou de encontrar o parceiro ideal que vai transar tão bem que você vai começar a gostar de sexo.

Agora repita até entender.

Para ver a imagem ampliada, clique aqui

Esse tipo de fala só serve como preconceito e como forma de constranger as pessoas assexuais a respeito da própria assexualidade.


Assexual  X  Assexuado

Muitas pessoas utilizam o termo assexuado para se referir às pessoas assexuais. Esse termo é equivocado. Assexuado é aquele que não tem sexo definido ou o ser que se reproduze por bipartição. Nada a ver com os assexuais.

Assexual é a pessoa que não tem interesse em praticar sexo com outrem, como já vimos no início do post.

Basta pensar que não falamos em heterossexuado, homossexuado, bissexuado e pansexuado, mas em heterossexual, homossexual, bissexual e pansexual.

Então bora usar os termos certos?   


Subclassificações de assexualidade

(As informações presentes neste tópico foram retiradas desse artigo)

Dentro da assexualidade, existem subclassificações.

Aqui vou tratar apenas das subclassificações oficiais da AVEN - Asexual Visibility and Education Network (Rede de Educação e Visibilidade Assexual).

1) Assexual romântico: é aquele que, mesmo não se interessando pela prática sexual, pode possuir interesse romântico em outras pessoas. Pode ser heterorromântico, homorromântico, birromântico ou panromântico.

2) Assexual arromântico: aqui se enquadra o indivíduo que não sente interesse por relações românticas ou não se sente atraído romanticamente.

3) Lithromântico: esse indivíduo pode se apaixonar (como o romântico), mas não se interessa por relacionamento amorosos (como o arromântico). Aqui o sentimento fica na esfera platônica e idealizada, não se concretizando.

4) Demissexual e Gray-a 
Segundo o artigo que linkei no início do tópico: "existe confusão no entendimento entre a demissexualidade e o gray-a, pois, nesse caso, ambas as subclassificações abrangem os assexuais da área cinza, ou seja, aqueles que podem sentir atração sexual, mas que não chegam a ser sexuais como os heterossexuais, homossexuais, bissexuais e pansexuais. O demissexual é aquele que só consegue sentir atração sexual por alguém se tiver grande sentimento romântico por essa pessoa, já o gray-a pode sentir atração sexual em momentos e situações extremamente específicas, sem que essa especificidade esteja necessariamente relacionada à atração romântica".

(Existem outras subclassificações. Mas como já dito antes, falei apenas das consideradas oficialmente pela AVEN. Se quiser ver as outras, Google ta aí pra isso)

Símbolos

Para ver a imagem ampliada, clique aqui

Alguns símbolos que representam a assexualidade são: bandeira da assexualidade, o triângulo da AVEN, ás, bolo, entre outros. Está tão bem explicado nessa imagem que coloquei acima que nem vou explicar aqui. Então para de preguiça e clica ali pra ampliar a imagem.


Tentei abranger o máximo de tópicos nesse post. Se tiver mais dúvidas sobre o assunto, recomendo o FAQ da Comunidade Assexual A2 que você pode acessar clicando aqui.

Também vou deixar alguns links legais abaixo.


Vídeos

O Canal das Bee gravou um vídeo bem legal sobre assexualidade com a dona do blog Sobre o Cinza, Nathália Caldeira, que é demissexual.




Para quem entende inglês ou lê espanhol, tem o documentário (A)sexual:




Links relacionados:






Site da AVEN (em inglês)