sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Musicais que gosto (parte 1)

Hoje vou listar filmes musicais que eu curto.

Já vou fazer roleta da inimizade e dizer que Grease e O mágico de Oz definitivamente não estão na lista de musicais que eu curto. Mals aê.

(Sério, alguém me explica o que tem demais em Grease?)

Se você quiser atribuir alguma utilidade ao post (dizem que as pessoas gostam de coisas úteis), pense que é uma lista para aquele dia de tédio e de indecisão no qual você não consegue escolher algo para assistir. Só vir aqui e escolher um.

Os filmes não estão em ordem de preferência.

Sim, essa é a primeira parte e vai ter uma segunda. Por motivos de tenho tantos musicais no meu coração que um post não é o suficiente para todos.


1) Chicago



Roxie Hart (Renée Zellweger) sonha em ser famosa. Mas tudo dá errado quando ela mata o amante que a enganou e vai presa. Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) é uma famosa dançarina que acaba presa após matar a irmã e o marido, que estavam tendo um caso. A prisão acaba, inesperadamente, trazendo fama para as duas. Defendidas pelo advogado interesseiro Billy Flynn (Richard Gere), as duas iniciam uma disputa pelo lugar de maior evidência na mídia.

Há muitos motivos para assistir (e amar) Chicago. As músicas são ótimas assim como os números de dança. Se você é do tipo que não curte cantoria sem motivo, todos os números servem para continuar a história.

O elenco é maravilhoso. Tem Renée Zellwegger, Catherine Zeta-Jones (que sapateia, dança, canta e o escambal), Richard Gere (em um dos únicos papeis dele que eu curto), Queen Latifah, John C. Reilly e Christine Baranski (que, vamo combinar, tá em tudo quanto é musical).

E ainda tem críticas ao sistema penitenciário e ao mundo de aparência das celebridades.

Ah, o final (leve spoiler) tem uma vibe minas juntas são mais fortes, resultando em Nowadays.

Depois de tudo isso, só resta dizer: assista.

Difícil eleger uma música favorita nesse filme porque todas são muito boas. Mas vou ficar com Cell Block Tango.




2) Cabaret



Sally Bowles (Liza Minelli) - já falei dela aqui - é uma jovem sonhadora que canta no cabaré Kit Kat enquanto tenta oportunidade de ser atriz. Ela conhece Brian Roberts (Michael York), um escritor inglês recém-chegado a Berlim, e juntos eles embarcam em altas aventuras. Ainda mais quando surge o amigo rico, Maximillian von Heune (Helmut Griem).

Um motivo para assistir Cabaret: Liza Minelli.

Outro motivo para assistir: Joel Grey. Ele arrasa como um tipo de mestre de cerimônias do cabaré. Só pra ter uma noção, tem a música Money.

Cabaret desafiou a sociedade dos anos 70 ao trazer uma personagem livre e dona de si, dois personagens bissexuais (Brian e Max), personagens travestis, entre outros aspectos que não lembro agora. 

Minha música favorita é a música tema Cabaret.





3) O fantasma da ópera


Christine Daae (Emmy Rossum) tem a oportunidade de cantar no papel principal de uma ópera após a cantora principal do teatro, La Carlotta (Minnie Driver), se demitir no dia da apresentação. Raul (Patrick Wilson), visconde de Chagny e amigo de infância de Christine, a reencontra no dia da estreia da ópera e rola um clima. Apesar do sucesso de Christine ao cantar na peça, coisas estranhas acontecem no teatro e são atribuídas ao tutor da moça: o Fantasma da Ópera.

Basicamente, inicia um triângulo amoroso entre Christine, Raul (o estereótipo do príncipe encantado) e o Fantasma. Ao mesmo tempo, La Carlotta quer o papel principal de volta contrariando as exigências do Fantasma. Altas tretas.

Esse musical tem um lugar especial no meu coração, pois foi o filme que me fez ser a apaixonada pelo gênero que sou. Assisti tanto na adolescência que quase sabia as falas de cor. Também tinha um medinho do Fantasma e pode ser que, medrosa como sou, tenha passado algumas noites acordada.

O Fantasma da Ópera é um musical estilo clássico, com personagens que cantam seus sentimentos sem motivo aparente, alguma ostentação e situações simplificadas que não são muito verossímeis fora desse universo. Eu curto.

Só me irrita um pouco a maneira como as pessoas veem a relação do Fantasma com Christine. Tem gente que fica "ai que fofo, ele não consegue compor sem ela". Migas, ele é obcecado por ela e aqui rola uma relação doentia. Então não vamos romancear relacionamento abusivo, né, amores? Assistir problematizando é sempre bacana.

Também queria compartilhar algumas curiosidades. Emmy Rossum tinha 16 anos (idade de Christine na história) quando fez esse filme. Sempre fico "what?!" quando lembro. Eles construíram o teatro que aparece no filme porque Andrew Lloyd Weber considerava o teatro como um personagem. Na cena em que o lustre cai e tudo pega fogo, o lustre realmente caiu e tudo pegou fogo. O diretor queria realismo e tals. 

Minha música favorita é Past the point of no return.




4) Moulin Rouge



O filme conta a história de amor de Satine (Nicole Kidman), uma famosa cortesã do cabaré Moulin Rouge, e Christian (Ewan McGregor), um escritor boêmio recém-chegado a Paris.

A premissa é bem clichê. Um amor proibido. Uma protagonista divida entre o amor verdadeiro do mocinho e a oportunidade de sucesso que o vilão (o duque) pode lhe dar. Uma força maior (no caso, uma doença) e incontrolável pairando sobre o amor dos protagonistas.

Meu lado romântico idealizador se derrete com personagens falando: "A coisa mais importante que se pode aprender é amar e, em troca, amado ser".

O interessante desse musical é a forma. O diretor usa um clichê para criar um filme de musical diferente e arrojado. Tanto que há quem diga que Moulin Rouge é aquele tipo de filme que você odeia ou ama, sem meio termo. Eu amo.

A trilha sonora é toda composta por versões de músicas já existentes, o que eu achei demais. Há versões de Nature boy, Your song, Roxanne, Like a virgin, The show must go on, Diamonds are a girl's best friend e outras músicas.

A única música original, e minha favorita, é Come what may.

Lado romântico idealizador também derrete com: "Cante esta canção e eu estarei ao seu lado. Tempestades podem se formar e as estrelas colidir, mas eu te amarei até o fim dos tempos". Brega, mas tão fofo.





5) Hello Dolly




Dolly (Barbra Streisand) é uma viúva casamenteira que, em um belo dia de sol, decide que vai conquistar o viúvo Horace (Walter Matthau). Ela faz o maior esquema para no mesmo dia conquistá-lo, convencê-lo a aceitar o romance da sobrinha e ajudar seus dois funcionários a conquistarem duas moças.

Só queria dizer que essa mulher é uma das melhores estrategistas que eu já vi.

Primeiro motivo para ver: o filme é dirigido pelo Gene Kelly, o moço da famosa cena de Cantando na Chuva.

Acho que a maioria das pessoas deve conhecer duas músicas desse filme: Put on your sunday clothes e It only takes a moment. Por que? Por causa de um filme chamado Wall-e. A primeira é a música que toca na abertura do filme da Pixar e a segunda é a que aparece na cena que o robozinho assiste um filme triste por não ter um amor.


Inclusive, assisti esse filme por causa de Wall-e.

Para os fãs de High School Musical, alguém lembra daquela cena em que o Chad pergunta: "Já viu o Michael Crawford numa caixa de cereais?". Se na época você não entendeu de quem ele estava falando, dicona: Michael Crawford está nesse filme.

Michael Crawford como o funcionário vida loka de Horace

Então, dois motivos para assistir: Wall-e e descobrir quem é Michael Crawford.

Minha música favorita é It only takes a moment. Sou romântica e brega. Me deixa.




6) Cinderela em Paris


Jo Stockton (Audrey Hepburn) está de boa trabalhando em uma livraria quando um fotógrafo, Dick Avery (Fred Astaire), e uma editora de uma revista feminina famosa, Maggie Prescott (Kay Thompson), invadem o lugar para fazer uma sessão de fotografias. Maggie está procurando um novo rosto para representar a revista e Dick sugere a moça da livraria. Depois de alguma resistência, Jo, que não curte revistas femininas nem moda, aceita o trabalho para poder ir a Paris conhecer um intelectual que gosta muito. E aí altas confusões.

Um motivo para assistir esse filme? Audrey Hepburn e Fred Astaire. Dois atores super divosos estrelando o mesmo filme. Não tem como dar ruim.

Minha cena favorita é a que eles cantam Funny face.

No primeiro semestre da faculdade, revelamos umas fotografias em laboratório e tudo. Ficava pensando "é agora que eu começo a sapatear enquanto revelo?".




7) Hairspray



Tracy Turnblad (Nikki Blonsky) realiza o sonho de se tornar dançarina do The Corny Collins Show. Entretanto, ela tem que enfrentar a sociedade preconceituosa dos anos 60.

Hairspray possui várias discussões dentro de sua trama, como a questão racial e a gordofobia. Tudo dentro de um universo super colorido.

A mensagem do filme é a mensagem da aceitação. A protagonista, por exemplo, não muda seu corpo para se enquadrar aos padrões de beleza. O que fica é: quem tem que mudar é a sociedade e sua visão preconceituosa.

Minha música favorita é Without love.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Livro 18: Por lugares incríveis, de Jennifer Niven


Sinopse:
"Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, a garota se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família.


Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los".


"É autora de quatro romances para adultos -American BlondeBecoming Clementine,Velva Jean Learns to Fly e Velva Jean Learns to Drive -, três livros de não ficção - The Ice MasterAda Blackjack e The Aqua Net Diaries- e um livro de memórias sobre suas experiências no ensino médio. Apesar de ter sido criada em Indiana, hoje vive com o noivo e três gatos em Los Angeles, seu lugar preferido para andanças. Para mais informações, acesse , ou encontre-a no Facebook".


Minha opinião:

Li Por lugares incríveis para o clube leia mulheres de julho. Esse clube contou com a participação especial da Capitolina, revista adolescente com viés feminista que é puro amor.

Como sempre, vou recomendar o clube. Acontece todo mês na Blooks Livraria do shopping Frei Caneca. Para agosto, o livro selecionado foi A amiga genial, de Elena Ferrante. Próximo encontro acontece dia 25 de agosto (mais informações aqui)



Por lugares incríveis é um livro YA (young-adult), ou seja, destinado a pessoas entre 14 e 21 anos.

Eu gostei e desgostei do livro. Vou colocar aqui tanto os aspectos positivos quanto os negativos.

Cada capítulo é narrado do ponto de vista de um dos protagonistas. Para não deixar confuso, vou dizer sob qual ponto de vista estão os trechos.


O que é legal:
(TW: depressão, suicídio, imagem forte)

Primeiro ponto que me chamou atenção durante a leitura foi a inclusão de trechos de escritores clássicos em um livro YA (olhaí eu tomando na cara do meu preconceito). Essa inserção é feita de maneira natural, ajudando a história a prosseguir. Não fica algo planfetário estilo enfia isso aê pra ver se os jovens se interessam em ler clássicos. Cada trecho tem um sentido para a trama.

Outra coisa bacana é que a maioria dos trechos são de Virginia Woolf. Um valorize as minas no meio do livro.

Segundo ponto que me chamou atenção foi a maneira realista com que a autora retratou os adolescentes (a maioria dos personagens tem 17 anos no livro), fugindo do formato Malhação ao qual estamos acostumados. Ela retratou adolescentes que bebem, fazem sexo, têm depressão. Não uma adolescência "limpinha" e maquiada.

Exemplo. O que Finch pensa quando está sofrendo bullying: "Quero bater a cabeça dele em um armário e enfiar a mão em sua garganta e puxar seu coração pela boca"

Terceiro ponto foi a presença de temas que não costumam ser tratados, ou que o são de maneira atenuada, em livros desse gênero, como depressão e suicídio.

Suicídio, principalmente, é um assunto muito tabu na sociedade. Uma pessoa do clube comentou que parece que só se pode falar de suicídio se for de uma forma ""glamourizada"" como nessa foto famosa:


No dia 1 de maio de 1947, a jovem Evelyn McHale, então com 23 anos, se jogou do 86º andar do Empire State Building e caiu em cima do teto de uma limusine. Um fotógrafo registrou a imagem acima do ocorrido.

Uma pesquisa rápida no google vai te mostrar textos chamando esse de "o mais belo suicídio". A pessoa do clube comentou que viu alguém postando a foto com a legenda "isso que é morrer de forma glamourosa".

Gente, parou de glamorizar suicídio, né?

(SPOILERS! INCLUSIVE DO FINAL DO LIVRO!)

O livro vai totalmente no oposto dessa romantização que o suicídio passa pra poder ser falado. Ele mostra a situação limite que leva alguém a optar pelo suicídio e o efeito devastador que a atitude tem nas pessoas que ficam.

No final, tem uma nota da autora falando sobre a quantidade de pessoas que se suicidam por ano e sobre a bipolaridade (doença do protagonista). Ela também fala como um diagnóstico e um tratamento adequado poderiam ter salvo a vida de Finch.

(FIM DOS SPOILERS!)

Depois de uma mensagem PROCURE AJUDA, o livro traz uma lista de lugares para os quais é possível ligar atrás de ajuda.

Achei muito legal essa iniciativa.


O que não é legal:
(TW: assédio)

Fiquei muito incomodada com a maneira como a relação dos protagonistas foi construída.

Logo no começo, Finch salva a vida de Violet. A história que corre no colégio é que ela o salvou. Ela perdeu a irmã há um ano em um acidente de carro e ainda não superou.

Violet paga um micão na aula e Finch decide pagar um micão maior pra ajudá-la. Ela sorri pra ele, agradecendo.

Aí pronto.

Finch fica "ai ela sorriu pra mim e foi verdadeiro, quero essa mina" e começa a cercar Violet. Rola um verdadeiro assédio.

Vou colocar alguns trechos aqui. Talvez tenham alguns spoilers mais fortes.

Finch dá um jeito de Violet não ter como recusar ser sua dupla no trabalho do colégio. No mesmo dia, ele faz um facebook e adiciona ela. Aí acontece essa cena (ponto de vista de Finch):

"De repente, uma mensagem aparece na caixa de entrada.

Violet: Você me encurralou. Na frente de todo mundo.

Eu: Você aceitaria ser minha dupla se eu não tivesse feito aquilo?"

Ótimo quando a gente respeita o fato da outra pessoa talvez não querer ser nossa dupla no trabalho, né?


Depois, rola outra conversa pelo facebook sobre o trabalho (ponto de vista de Violet):

"Finch: Se você não quiser conversar pelo facebook, posso ir aí.

Eu: Agora?

Finch: Bom, teoricamente, em cinco ou dez minutos. Tenho que me vestir primeiro, a não ser que você prefira que eu vá pelado, além do tempo que vou gastar no caminho.

Eu: Está tarde.

Finch: Isso é relativo (...). A gente só vai conversar. Nada mais que isso. Não estou dando em cima de você.

Finch: A não ser que você queira. Que eu dê em cima de você.

Eu: Não.

Finch: "Não", você não quer que eu vá, ou "não", você não quer que eu dê em cima de você?

Eu: Os dois. Todas as anteriores.

Finch: Tá bom. A gente pode conversar na escola. Talvez na aula de geografia, ou posso procurar você no almoço. Você em geral está com Amanda e Roamer, né?

Ai, meu Deus. Faz isso parar. Faz ele desistir.

Eu: Se você vier aqui hoje, promete parar com isso de uma vez por todas?"

A mina já tá pedindo a Deus pro menino desistir e sumir. Sintomático. Talvez, só talvez, ele esteja forçando a barra.


Finch ignora que Violet claramente ta odiando tudo isso e manda na conversa seguinte (ponto de vista da Violet):

"Finch: (...) Você ainda vai me querer quando eu tiver quatro metros e oitenta de altura?

Eu: Como vou querer você com quatro metros e oitenta de altura se nem te quero agora?"

Não satisfeito, Finch diz na mesma conversa:

"(...) mas aí ele escreve: Me encontre no Quarry.

Eu: Não posso

Finch: Não me deixe esperando. Pensando melhor, encontro você aí.

Eu: Não posso.

Nenhuma resposta.

Eu: Finch?"


Além dela já ter demonstrado que não está gostando da situação e dito que não quer ele, Finch ainda ignora o "não" de Violet e vai até a casa dela (ponto de vista de Finch):

"Jogo pedras na janela, mas ela não desce. Penso em tocar a campainha, mas isso só acordaria seus pais. Tento esperar, mas a cortina não mexe e a porta não abre e está frio pra cacete, então entro no Tranqueira e vou pra casa"


Quando achamos que não pode ficar mais bizarro, chega a manhã seguinte (ponto de vista de Violet):

"Manhã seguinte. Minha casa. Saio pela porta e encontro Finch deitado no gramado, olhos fechados, botas pretas cruzadas na altura do tornozelo. A bicicleta está encostada ao seu lado, metade na rua e metade fora.

Chuto a sola de uma bota.

-Você ficou aqui fora a noite toda?

Ele abre os olhos.

-Então você sabia que eu estava aqui. É difícil saber se estamos sendo ignorados quando estamos, devo ressaltar, no frio congelante do ártico. - Ele levanta, coloca a mochila no ombro, pega a bicicleta".

Ela não te ignorou, amigo. Se alguém ignorou alguma coisa aqui, foi você quando ela disse não.


A partir daqui, eu parei de anotar esses trechos. Sim, tem muito mais coisa problemática.

Mas o pior de todos pra mim foi esse. Finch está com os dois melhores amigos e eles estão falando sobre violet (ponto de vista de Finch):

"De repente, não quero que Bren e Charlie falem sobre Violet , porque quero que ela seja só minha. Como no Natal em que eu tinha 8 anos e ganhei minha primeira guitarra, que batizei de Intocável, porque ninguém além de mim podia encostar nela"

O cara compara a mina a um objeto. Objetificação escancarada manda beijos.

Fora isso, ele a vê como uma posse que ninguém, além dele, pode encostar. Alguém avisa a Violet que ela ta entrando em um relacionamento abusivo.


Pelo menos, tem uma parte em que Finch quer de todo jeito que Violet entre no carro dele. Ela vira e fala:

"Você tem que parar de tentar convencer as pessoas a fazer o que elas não querem. Você é simplesmente invasivo"

Infelizmente, ela entra no carro contra sua vontade.



Resumindo:

Por lugares incríveis poderia ser um livro ótimo que desmistifica depressão para jovens e adolescentes, além de incentivá-los a procurar ajuda. Mas a romantização de assédio e a maneira abusiva com a qual é construído o relacionamento dos protagonistas estraga tudo. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Livro 17: Guadalupe, de Angélica Freitas


Sinopse:
"Às vésperas de completar trinta anos, tudo o que Guadalupe quer é esquecer seu trabalho no sebo de Minerva, seu tio travesti. É ela quem pilota um furgão velho pela Cidade do México, apanhando coleções de livros que Minerva arremata por poucos pesos de famílias enlutadas. O símbolo da Minerva Libros é uma coruja, mas bem podia ser um abutre, um abutre com lantejoulas.

Em seu aniversário, Guadalupe só quer sair para beber e dançar com amigos. Mas um telefonema muda seus planos. No meio do pior engarrafamento do ano - ela aproveita engarrafamentos para ler os clássicos -, fica sabendo que a avó, Elvira, uma velhinha intrépida, morreu ao chocar sua scooter com uma banca de tacos sobre duas rodas. 

Como Guadalupe tem o furgão, ela é a única que pode cumprir o último desejo da avó: um enterro com banda de música em Oaxaca, onde nasceu. Guadalupe embarca com Minerva e sua inseparável poodle, mais o caixão, rumo à cidade. No caminho, contrariando a opinião de Guadalupe, Minerva dá carona a um exótico rapaz, que se diz guatemalteco, e os problemas começam.

Neste road movie regado a mitologia asteca e cogumelos mágicos, a poeta Angélica Freitas e o quadrinista Odyr narram a divertida - e por vezes assustadora - história dessa viagem. Uma aventura inusitada ao coração do México, onde um embate contra as forças do mal é tudo menos o que parece ser."


"Nasceu em 1973, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Publicou, entre outros, o premiado volume de poesias Rilke shake, além do recente Um útero é do tamanho de um punho, ambos pela Cosac Naify. Suas obras já foram traduzidas na Argentina, Espanha, México, Estados Unidos, Alemanha e França."


Minha opinião:
(ALERTA DE SPOILERS!)

Guadalupe é uma HQ simples, tanto no traço quanto no texto, e de rápida leitura.

Angélica Freitas utiliza a mitologia asteca e cria a divindade Xyzótlan, a qual quer roubar a alma de sua falecida vó.

A trama principal da HQ é Guadalupe e Minerva levando Elvira para ser sepultada em Oaxaca enquanto um servo de Xyzótlan tenta roubar a alma da defunta. É uma trama bem simples sem grandes surpresas.

A força da obra está em sua originalidade. Como cogumelos mágicos alucinógenos que transformam Minerva em Muxe Maravilha. Ou a invocação do Village People para salvar o dia.

Uma coisa que eu curti foi o final da personagem. No lugar de encontrar um príncipe, ela encontra a si mesma.

É uma leitura para ser feita sem muita pretensão.

Ainda assim, eu esperava mais de uma obra de Angélica Freitas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Metades

minha vida é de metades
de quases que não se totalizam
de verdades que não se provam
de desejos que não se concretizam


a totalidade                   mente
                    apenas na