quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Considerações finais 2014

Lendo a newsletter dessa semana de uma escritora que eu curto bastante, Aline Valek, (super recomendo assinar e é de graça) decidi fazer uma ponderação de final de ano mais sussa. Costumo me cobrar bastante nessa época pensando em tudo que não fiz e que preciso fazer no ano seguinte. O resultado é eu jogada na minha cama vendo série enquanto penso "que estou fazendo da minha vidaaaa?!".

Na newsletter, Aline Valek diz: "Tenho uma proposta simples: esqueça as listas de consumo, de retrospectivas pessimistas e metas feitas para cobrir o que você não deu conta de fazer e vamos aproveitar essa famosa época de lista para fazer uma diferente.
Uma lista só com as coisas que vale a pena dar destaque: as coisas que você fez, tendo finalizado ou não; as coisas que te surpreenderam; o que você aprendeu esse ano (e aposto que não foi pouco); o que te emocionou; as pessoas que te marcaram".

Decidi esse ano fazer listas aleatórias com o que eu fiz. Sem cobranças. E me surpreendi com a quantidade de coisas positivas em 2014.

Esse ano, eu:
-Li mais livros e vi mais filmes do que imaginava;
-Aprendi um monte de coisas;
-Recebi um certificado de associada benemérita da Associação Paulista de Belas Artes por relevante contribuição;
-Passei em estudos literários na Unicamp e em letras na Unifesp (apesar de ter preferido ficar com editoração na Rio Branco mesmo);
-Recebi meu primeiro e único salário;
-Cortei o cabelo e assumi os cachos;

-Conheci o Nilson Xavier e consegui uma foto e um autógrafo;


-Fui pela primeira vez em uma ópera e em um balé (duas coisas que queria muito fazer);

-Tirei foto com Ary Fontoura;
Sim, estou tendo um desses momentos bregas
de postar foto com famoso

-Pude ver ao vivo na Bienal do Livro escritores que eu admiro: como a Angélica Freitas e o Pedro Bandeira;
-Viajei para o Rio pela primeira vez e me apaixonei;
-Fiz novas amizades;
-Declamei minhas poesias pela primeira vez em público;
-Não perdi contato com minhas amigas maravilindas do colégio (o que considerava impossível) <3;
-Comecei esse blog.

Foi bacana elencar tantas coisas positivas, mas concordo com outra coisa que a Aline disse: "Faz sentido lista de metas se [você] de 2015 ainda não existe? Faz sentido lista de retrospectiva se [você] de 2014, bem, só te trouxe até aqui?". Então por mais que seja legal pensar em quantas Lídias eu fui ou em quantas coisas eu fiz, o importante é o agora. O importante é esse dia comum que estou vivendo hoje e que está compondo mais um ponto do segmento de reta que sou.

E para terminar bem clichê (já que é Natal):


Lista aleatória 3: o que eu aprendi

O que eu aprendi em 2014:
-Uma penca de coisas na faculdade;
-Várias coisas sobre a estrutura de um livro (ir na livraria nunca mais será igual);
-O quanto é difícil dizer adeus;
-Revelar fotos é bem mais legal nos filmes do Fred Astaire;
-18 anos não trazem a Super Sabedoria da Maioridade;
-Amizade é o poder.

Também descobri que:
-Existe um Fórum de Editoração anual;
-Rola todo ano a Festa do Livro da USP (um monte de livros com, no mínimo, 50% de desconto).

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Lista aleatória 2: filmes

Continuando minhas listas aleatórias de final de ano, os filmes que assisti em 2014:

-12 anos de escravidão
-Ela
-Os Boxtrolls
-Festa no céu
-A bela e a fera (Disney)
-Entre nós
-Trapaça
-Transformers: a era da extinção
-Os caça-fantasmas
-Guardiões da galáxia
-A culpa é das estrelas
-Interestelar
-Ventos de agosto
-Godzilla
-Como treinar seu dragão 2
-O lobo atrás da porta
-O grande hotel Budapeste
-Malévola
-Praia do Futuro
-Quanto mais quente melhor
-A felicidade não se compra
-Pompeia
-47 ronins
-Terra em transe
-Vidas ao vento
-Tim Maia
-Ninfomaníaca (vols. 1 e 2)
-Noé
-Hoje eu quero voltar sozinho
-Casa grande
-Bistro Romantique
-Frozen
-Jogos vorazes: a esperança (parte 1)
-Boyhood
-Homens, mulheres e filhos
-Clube de compras Dallas
-Lucy
-Uma aventura Lego
-Operação Big Hero 6

Apenas considerei os filmes que vi no cinema e guardei o ingresso. Por motivos de: ia dar muito trabalho lembrar de todos os outros filmes.

Lista aleatória 1: livros


Final de ano é aquele tempo que todo mundo faz listinhas. Eu também.
Não queria fazer aquelas listas de "O que vou fazer em 2015" ou "O que deixei de fazer em 2014" porque sempre acabo me frustrando e me cobrando. Por isso, decidi fazer listas aleatórias com coisas que fiz. Essa é a primeira. Os livros que li em 2014 (exceto os que li para a faculdade):

-Cartas na rua (Charles Bukowski);
-Eu quero ser eu (Clara Averbuck);
-Máquina de pinball (Clara Averbuck);
-Hipersonia crônica (Aline Valek);
-A que ponto chegamos (Vincent Villari);
-um útero é do tamanho de um punho (Angélica Freitas);
-Zazie no metrô (Raymond Queneau);
-Ciranda de pedra (Lygia Fagundes Telles);
-As meninas (Lygia Fagundes Telles);
-A vida privada das árvores (Alejandro Zambra);
-Vacaciones (Ana Paula Barbi);
-Quinze tons de constrangimento (Ana Paula Barbi);
-Clube da luta (Chuck Palahniuk);
-Meu pé de laranja lima (José Mauro de Vasconcelos);
-A menina que roubava livros (Markus Zusak);
-Édipo Rei (Sófocles);
-Sejamos todos feministas (Chimamanda Ngozi Adichie);
-Seconds (Bryan Lee O'Malley);
-Tô com vontade de uma coisa que eu não sei o que é (Tati Bernardi);
-Amor Veríssimo (Luís Fernando Veríssimo).

Coloquei nessa lista desde os livros que simplesmente amei até aqueles que não curti nada.

De toda essa lista, posso destacar:
1) descobri como Lygia Fagundes Telles é diva;
2) "um útero é do tamanho de um punho" conseguiu expressar diversos pensamentos meus que não sabia como dizer.
3) O e-book de "Sejamos todos feministas" está de graça na Amazon.

Aqui não contaram diversos livros que comecei, mas ainda não terminei ("O tempo e o vento", "Paris é uma festa", "Casa de pensão", "Coraline", entre outros).

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Poema alegre

Prometi a mim
um poema alegre
de tanto ouvir
que sou feliz

Foi o mais demorado
não queria sair
pois a poesia brota em mim
sem convite

Brota na tristeza
tingindo o papel
com as lágrimas
que não sei chorar

Seca na alegria
talvez porque saiba sorrir
ou não a queira dividir
sou egoísta

A psicóloga diz
"você parece escrever sobre
os dois pedaços tristes
da pizza que é a sua vida"

O resto não parece
ter sabor de poesia

Minha mãe diz
"você não é feliz?
o que te falta?"
preocupada

Respondo nada
a falta é a minha saciedade

E se aqui fizer
o meu poema alegre
a alegria que agora tenho
nele ficará

Porque em cada poema
que faço
derramo sobre a folha
o que sinto

É possível ver em cada
um fiapo de alegria (pois)
toda a tristeza ali guardada
não está mais dentro de mim

sábado, 6 de dezembro de 2014

Apenas ideia

A ideia vai apodrecendo dentro de mim,
não consigo pô-la no papel.
Ela cresce, cresce, cresce
me consumindo aos poucos.

Na ânsia do muito fazer,
percebo que não fiz nada.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Se ele quisesse

“Nossa se você quisesse, conseguiria estuprar uma menina”, disse minha amiga para ele.
Ele estava em cima dela, prendendo-a. Ambos sobre uma cama.
Tudo começara inocentemente. Eu e minha amiga decidimos fazer uma visita ao meu vizinho, o supracitado ele, que era nosso amigo. Nós três fomos assistir televisão no quarto dele, deitados na cama.
Já era madrugada quando os dois começaram a brincar: ele prendia, ela tentava se soltar. Eu adormeci do outro lado da cama, entediada.
Acordava alguma vezes. Os dois continuavam na mesma brincadeira, rindo. E voltava a dormir.
Quando acordei decidida a ir embora, não havia mais risadas da parte dela. Minha amiga tentava se soltar de verdade enquanto ele ria mais ao ver seu desespero. Nesse contexto, ela disse a frase do início. O vizinho apenas soltou quando eu disse que nós duas precisávamos ir embora, não sem um pouco de resistência.
Naquela época (devia ter apenas doze anos), não liguei muito para o que tinha acontecido. Tinha sido só uma noite uma noite entediante na casa de um amigo, na qual eu passei a maior parte do tempo dormindo ou desejando ir fazer isso na minha casa.
Hoje, eu sei que teria reagido diferente. Aquela cena era a síntese do que eu encontraria sendo mulher. Bastava ele querer. E a vontade dele sobressairia em praticamente tudo.
Também sei que essa amiga até hoje não percebeu e riria se eu dissesse o que penso para ela. É exatamente por isso que sinto que devo dizer, até que parem de rir e ouçam: não foi uma brincadeira inocente. Minha amiga quis parar. A partir do momento que o vizinho não parou (e ainda riu disso!), se tornou agressão. Uma “agressãozinha” vestida de brincadeira, dessas que a gente recebe a conta-gotas até aprender a rir quando encontra ou vive uma. A mesma que me ensinou a rir porque ele quis.

Agora eu estou aqui dizendo: foi agressão. Dizendo na esperança de que isso deixe de ser tratado como algo banal e risível. Não é.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Da importância de ouvir

Todos possuem mazelas, medos, inseguranças, neuras e defeitos. Cada pessoa é extremamente frágil (e possivelmente solitária). E talvez seja isso o que nos una: nossa fragilidade.

Ando pensando muito sobre empatia. Mais do que isso, ando pensando muito sobre a necessidade de ouvir.

Eduardo Coutinho (nesse documentário aqui) disse: "Ser ouvido é uma das necessidades mais importantes do ser humano. Ser ouvido é ser legitimado".

Sempre gastei uma energia considerável com a frustração de não me sentir ouvida. Só que percebi que isso está longe de acontecer apenas comigo. E que eu, muitas vezes, não paro para ouvir o próximo.

Quantas pessoas ao redor não têm histórias precisando ser contadas? Quantas não precisam se legitimar nessa coisa solitária e difícil que se chama viver?

Coutinho segue questionando: "Mas quem está preocupado em legitimar o outro?".

Essa é a principal questão. Se todos estão preocupados em serem ouvidos para se legitimarem, quem vai parar para ouvir o outro?

Lógico que é impossível para mim conseguir ouvir todos o tempo inteiro (até porque também sou ser humano e preciso ser ouvida). Só que se cada pessoa percebesse isso e parasse um pouco por dia para ouvir, seria possível todos terem suas falas escutadas. Porque falar de si, todos já sabem muito bem. O difícil é realmente escutar.

Então nós precisamos apenas calar um pouco nossas bocas egocêntricas para dar espaço para que aquele outro ser humano frágil possa não apenas falar, mas ser ouvido.

Por isso, lanço o desafio: escute verdadeiramente alguém hoje.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Reflexões prematuras

Os enfeites de Natal prematuros anteciparam minhas reflexões de final de ano.
Em 2014, sinto que fui três Lídias (uma para cada corte de cabelo). Mas parece que sempre existe uma Lídia essência que me acompanha, em maior ou menor intensidade, não importa o quanto mude.

Deixo aqui um trecho de Ciranda de Pedra, da diva Lygia Fagundes Telles, que acabei lembrando ao pensar na Lídia essência:

"Chegara a pensar que Otávia estava certa, devia ser fácil desfazer-se também das sucessivas Virgínias nas quais se desdobrara desde a infância, desfazer-se da menininha, principalmente da menininha de unhas roídas, andando na ponta dos pés. Agarrar-se só ao presente, nua de lembranças como se acabasse de nascer. Via agora que jamais poderia se libertar das suas antigas faces, impossível negá-las porque tinha qualquer coisa de comum que permanecia no fundo de cada uma delas, qualquer coisas que era como uma misteriosa unidade ligando umas às outras, sucessivamente, até chegar à face atual".

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A menina e o mar

Na imensidão do mar, apenas sonhos

As ondas indo e vindo, a menina a observar

Em sua mente, o infinito de seu mundo

Na alma, o desejo do querer ser

Indo...

Vindo...

Sonhos...

Responsabilidades...

Vontades...

Tradições...

O que precisava vinha

O que não servia ia

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Solidão

Sofro de solidão. Um mal crônico que apodrece lentamente a minha alma.
É doença de nascença, vinda da minha busca por buscar e da perplexidade em que me encontro ao deparar-me só em minha jornada.
Como posso atrair pessoas para comigo trilharem?
O único método que encontro é entrar em seus caminhos na débil tentativa de ligá-los ao meu. Porém, a estrada que os leva não tem retorno, nem tampouco é desviável. Passo ao intento de construir uma ponte, mas deparo-me com as cercas que envolvem meu território. Essa proteção imaginária se mostra mais dona do meu apreço e, por conseguinte, mais importante do que a ponte.
Eis-me aqui e agora. Cercada por pontes inacabadas e por meu muro invisível (talvez a única coisa que finalizei) em minha rotatória. O único caminho que parece possível (alguém veria outro?) para prosseguir são as pontes. Elas não existem, o caminho também não.
Somente eu. Apenas as vozes e a presença ao redor. Às vezes, alguma participação especial. Nada que reverta o monólogo que se tornou minha vida.
Sinto o cansaço do processo que não acabei. Mas também sinto o abandono de realizar sozinha esse projeto inacabável. Sempre.
Hoje eu quero que alguém entre no meu caminho, ultrapassando o muro invisível que me cerca, assim como muitas vezes me esforcei para ultrapassar o muro alheio, e construa a outra metade da ponte.

Hoje eu não quero mais ser só. 

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Segmento de reta

Um dia ouvi um discurso de um professor e nunca mais esqueci.
Imagine um plano geomético α. Ele corresponde a sua vida.
Agora, imagine pontos isolados ao longo desse plano que correspondem aos considerados grandes momentos da vida. Sua formatura, seu primeiro amor ou qualquer outro momento que tenha sido muito importante para você.
Por fim, pense naqueles zilhões de dias comuns que você nem lembra que existiram entre os ditos grandes momentos. São dias em que nada de muito especial aconteceu. Entretanto, são esses pequenos dias que tornaram possível chegar aos grandes momentos.
Os dias comuns são o segmento de reta que liga os pontos de nossas vidas.
Cada texto ou poema aqui escrito nasceu em um desses dias desimportantes e compõe um pouco do segmento de reta que forma quem eu sou. 

(Professor Emiliano, se um dia ler isso, saiba que eu adorava suas aulas. E não só porque você era engraçado)