Escrevo todo dia um pouco para não enlouquecer. Minha mente é uma máquina de produzir temores e dilemas movida a vergonha e desespero.
Sinto-me uma construção pronta a implodir. Cada vez que imprimo uma palavra no papel, é um pouco de pólvora da implosão que deixo para trás. Escrevo para que nunca haja pólvora suficiente.
Vivo na ilha de minha solidão. Os que ao redor passam estão ali para dizer "bom dia" e continuar seu caminho antes de ouvir a resposta do "tudo bem?". Finjo que estava ocupada demais mesmo para responder. Escrevo minha resposta não ouvida.
Na maioria dos dias, paro para ouvir o que os que passam ao redor têm para contar. Outros, quero apenas falar da pequenina e curiosa pedra que achei em minha ilha. Não há pedra como a minha, pois só ela está dentro e não ao redor. Escrevo para eternizar minha pedra.
Escrevo tentando dizer o meu indizível.
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