Iniciando meu projeto de leitura 2015, o livro Eu quero ser eu, de Clara Averbuck:
Sinopse (do site da 7Letras):
"'É, dona Ira, você é uma mocinha fora da curva' -
disse o psicólogo da escola. Com seu cabelo crespo, seu piercing no nariz, seu
caderno de desenhos, e suas camisetas de bandas de rock, Ira destoa das meninas
populares, dos garotos bonitões, dos nerds, dos excluídos ansiando por
pertencer a algum clubinho: Ira não se identificava com nenhum grupo, e nem
queria. Preferia ficar sozinha, fones de ouvidos com música rock, caneta e
bloquinho nas mãos fazendo o que mais gostava - desenhar, inventar, criar. Ou
passar as tardes na companhia de Rob, uma menina diferente, que, como ela, não
se vestia nem se comportava para obter a aprovação de ninguém.
Mas um dia aconteceu: ele apareceu no corredor, suas pernas
tremeram, o coração palpitou mais alto. E ele era nada mais nada menos que o
bonitão da escola, pertencente a uma elite cuja atenção era disputada a tapa
pelas meninas mais lindas e populares do colégio. E agora - se Ira não se
adaptar aos padrões, será que Lôro vai aceitá-la como ela é?".
Sobre a autora:
"Clara Averbuck nasceu em 1979 e começou a publicar aos
17. Já teve obras traduzidas e adaptadas para cinema e teatro e colaborou com
inúmeras revistas, jornais e portais, além de ter sido uma das primeiras
blogueiras do Brasil. É entusiasta de cervejas, uísques e discos de vinil,
cantora de obscuridades, mãe de Catarina e vive com os gatos em São Paulo desde
2001. É autora de Máquina de Pinball, Das coisas esquecidas atrás da estante,
Vida de gato e Cidade grande no escuro, todas em catálogo pela 7Letras".
Ela também escreve no Lugar de Mulher e na Carta Capital.
Minha opinião:
Acho que, em primeiro lugar, vale ressaltar que é um livro
escrito para o público infanto-juvenil (o que não impede, lógico, que adultos
leiam e gostem). Dito isso, vamos lá:
Lendo a sinopse e o início do livro, tive a sensação de ser
mais uma daquelas histórias "Fulana era especial porque era diferente das
outras". Mas a autora é a Clara Averbuck que escreve textos maravilhosos
sobre a idiotice que é o pensamento de que existe essas ("mulheres deverdade") e aquelas. Ela não escreveria um livro no qual a protagonista
que curte rock e usa piercing é melhor do que as outras meninas, eu pensei.
Continuei a leitura e não me arrependi.
Ira é uma personagem que evolui. Inicialmente, olha com
preconceito aquelas "meninas com roupas iguais". Só que conforme o
livro se processa, ela percebe que aquelas meninas foram educadas para serem
daquele jeito e gostarem daquelas coisas de "mulherzinha" (aspas
eternas, viu?). O ponto é que Ira teve uma edução que a limitou menos a um
papel de gênero. Ela teve mais possibilidades.
E como dá um calorzinho no coração ver Ira se dando conta
disso e até tentando mostrar pro amigo babaca em uma conversa que o pensamento
geral é errado. Ver que ouvir um "só você, Ira" não é um elogio.
Incomoda.
Não vou contar se ela ganha a aposta ou muda seu jeito pra
isso. Apenas digo que curti muito o final, principalmente a última frase.
Clara Averbuck disse (nessa entrevista aqui) que escreveu o
livro que gostaria de ter lido aos 14 anos. Eu digo que é o livro que eu
gostaria que muitas meninas lessem aos 14 anos.
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