"Há mais de um século, uma mulher se permitiu imaginar um mundo diferente. Nesta obra que inaugurou o subgênero de Ficção Científica feminista. e é pela primeira vez traduzida para o português, a autora Roquia Sakhawat Hussain levanta questões relacionadas aos papéis de gênero em sua sociedade e mostra a importância do direito das mulheres à educação".
Sobre a autora (do Momentum Saga):
"Roquia foi uma ativista dos direitos das mulheres, escritora, ensaísta, poeta e professora. Nacida em 9 de dezembro de 1880 no que hoje é o distrito de Rangpur, em Bangladesh, foi uma das mulheres mais notáveis de seu tempo. Nascida em uma família abastada e instruída, foi desde cedo incentivada a estudar e a escrever, em especial por seu marido, com quem se casou aos 16 anos. Escrevendo em bengali, o idioma comum e das camadas mais baixas da população, Roquia conseguiu levar palavras como emancipação e direitos para mulheres muçulmanas oprimidas pelos maridos, pela família e pela religião.
Ela criticava abertamente a distorção causada no Islã. Para ela, se as mulheres tivessem o direito de seguir a profissão que quisessem e se tivessem liberdade, elas exaltariam a verdadeira palavra de Alá. Roquia entendia que a opressão era fruto da divisão desigual do trabalho e de um Islã corrompido por provincialismos e conservadorismo excessivo da sociedade patriarcal. Fundou uma associação para mulheres muçulmanas e também uma escola para meninas, em Kolkata (antiga Calcutá), que funciona até hoje. Na Universidade de Daca, em Bangladesh, existe uma estátua em sua homenagem e a data de seu aniversário e morte é celebrado como o Dia de Roquia".
Minha opinião:
Eu já tentei escrever sobre O Sonho da Sultana umas trinta vezes. Em todas, acabei apagando tudo. Por um motivo: esse conto é uma Ficção Científica e eu não sei quase nada sobre esse gênero. Então não espere grandes comentários sobre as tecnologias presentes na história.
A proposta de Roquia é inverter os papeis de gênero de forma a questioná-los (o oposto de coisas como Se eu fosse você).
Parêntesis aleatório:
Eu lembrei daquele curta Majorité Opprimée (Maioria oprimida):
(TW: estupro)
Voltando ao conto:
Roquia escreveu O Sonho da Sultana em 1905. Incrível (e triste) como esse texto continua atual. Mais de cem anos depois, mulheres islâmicas ainda vivem sob a purdah e encontram dificuldades para ter acesso à educação (só lembrar dos casos recentes de Malala Yousafzai e das estudantes nigerianas sequestradas pelo Boko Haram). Se em 2015 uma menina é baleada por acreditar que mulheres têm direito a estudar, imagina a ousadia que representava em 1905 esse conto. Nele, as mulheres não só podem estudar como venceram uma guerra com suas invenções. Elas aprenderam a manipular a energia solar de forma a utilizá-la até em carros voadores. E outras tantas coisas sensacionais.
A história também dialoga com nós, mulheres ocidentais, na medida em que ainda somos sutilmente desencorajadas a seguir carreiras científicas. Nesse conto, as mulheres cientistas salvam o país.
O sonho da Sultana pode ser baixado gratuitamente no site do Universo Desconstruído. Também está disponível uma versão impressa no site do Clube de Autores.
Eu sempre costumo ler resenhas de outras pessoas quando termino uma leitura. Decidi que vou compartilhar as que eu achar interessantes. Por isso, estou abrindo um nova seção nos posts.
Resenhas legais:
Roquia e o poder transformador da imaginação, por Aline Valek
[Aline Valek foi uma das responsáveis pelo projeto de traduzir o conto pela primeira vez para o português e pela capa do ebook]
[essa segunda resenha é legal porque a autora trata de aspectos mais técnicos do livro, como o fato das abundantes chuvas na região de Bangladesh terem influenciado o conto]
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