sexta-feira, 24 de abril de 2015

Combo 4 livros disponíveis gratuitamente na internet (e 1 não disponível)

Sempre que eu termino um livro do meu projeto de leitura, faço um post falando sobre ele. Hoje decidi fazer um combo de livros que eu não tenho conteúdo suficiente para um post inteiro.

4 deles estão disponíveis gratuitamente na internet.



1) Diga meu nome e eu viverei, de Lady Sybylla

Sobre a autora: Lady Sybylla é geógrafa, professora, mestra em paleontologia e fã incondicional de ficção científica. Responsável pelo site Momentum Saga e uma das criadoras do selo Universo Descontruído.

Diga meu nome e eu viverei conta a história de Júlia, uma universitária tentando sobreviver ao apocalipse zumbi em São Paulo. Eu já disse que não conheço muito ficção científica. Isso faz com que não me sinta apta a comentar esse livro com propriedade. Também sou medrosa e, talvez, tenha deixado todas as luzes acesas e não tenha conseguido dormir depois de terminar a leitura. Apenas talvez. Em termos de escrita, é um livro simples e sem grandes pretensões. Também é uma leitura rápida, apenas 172 páginas.

O pdf pode ser baixado gratuitamente aqui.

Também tem uma versão mobi aqui

E uma epub aqui.

Ah, tem a versão impressa no Clube de Autores, mas aí não é gratuito.




2) Almanaque D'elas, por vários autores

Esse não se encaixa bem na categoria livro como eu venho usando no meu projeto. Por isso, não vou fazer um post inteiro sobre.

Iniciativa da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direito Sexuais e Reprodutivos, da Casa da Mulher Catarina e do Fundo Social ELAS. O Almanaque D'elas une textos com passatempos para esclarecer o que é feminismo. A edição é fofinha.

Pode ser baixado gratuitamente aqui




3) Mulheres negras contam sua história, por várias autoras

Mulheres negras contam sua história é uma coletânea dos textos vencedores do prêmio homônimo. São textos escritos por mulheres negras diversas contando a própria história e refletindo sobre a questão racial na nossa sociedade. Uma leitura rápida, necessária e muito interessante.

Pode ser baixado gratuitamente aqui.



4) Os anões, de Veronica Stigger

Sobre a autora: "Gaúcha radicada em São Paulo desde 2001, Veronica Stigger é doutora em história da arte, crítica de arte e professora universitária. Defendeu tese sobre a relação entre arte, mito e modernidade, enfatizando as obras de Kurt Schwitters, Marcel Duchamp, Piet Mondrian e Kasimir Malevitch. Em seu pós-doutorado estudou, entre outros, os artistas brasileiros Maria Martins e Flávio de Carvalho.

Seu primeiro livro, O trágico e outras comédias, foi publicado pela editora portuguesa Angelus Novus, em 2003 e, no Brasil, pela 7Letras, em 2004. Pela Cosac Naify, publicou Gran cabaret demenzial(2007), Os anões (2010) e Opisanie swiata (2013), vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2014. Alguns de seus contos foram traduzidos para o catalão, o espanhol, o francês e o italiano".

Os anões mistura tipos de textos diferentes (conto, roteiro, anúncio etc.). Eu, particularmente, não gosto do estilo da Veronica Stigger. Mas alguém que curte um texto mais nonsense e escatológico, pode gostar.

O livro pode ser baixado gratuitamente aqui.



5) Sete vidas, de Heloisa Seixas

Sobre a autora: Heloisa Seixas nasceu no Rio, onde mora. É autora de mais de dez livros de ficção, entre romances e volumes de contos, tendo sido por três vezes finalista do Prêmio Jabuti. Heloisa também escreveu um livro de não-ficção sobre o mal de Alzheimer de sua mãe, O lugar escuro (Objetiva, 2007), que depois adaptou para o teatro. É casada com o escritor Ruy Castro e tem, de um casamento anterior, uma filha, Julia Romeu, tradutora e autora teatral.

Sete vidas reúne sete contos sobre gatos. Não sou uma dessas pessoas apaixonadas pelos felinos a ponto de criar/acompanhar um twitter ou um tumblr usando os mesmos. Talvez por isso não tenha entendido tanto a pegada dos contos. Entretanto, é bem escrito. Uma leitura rápida e agradável.

Esse não tem para baixar gratuitamente (pelo menos, não de forma legal).

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Livro 8: Meu corpo não é seu, de Think Olga



"Em abril de 2014, foi divulgada uma pesquisa do IPEA que trouxe dados chocantes sobre a percepção da população do país diante da violência sexual contra a mulher. O que mais chamou a atenção foi a informação de que 65% dos brasileiros acreditava que mulheres usando roupas reveladoras mereciam ser atacadas. Por dias, o assunto gerou intenso debate e campanhas que mobilizaram milhares de pessoas. O número alarmante seria corrigido depois pelo instituto de pesquisa, caindo para 26% - mas essa porcentagem não deixa de ser expressiva e prova quão forte ainda é a mentalidade que responsabiliza a vítima pelo crime que sofreu.

Com um texto claro e informativo, que une dados das pesquisas e reflexões mais atuais a depoimentos pungentes de mulheres que viveram situações de violência, este livro é fundamental para investigar por que a violência contra a mulher ainda é um dos tipos de crime mais recorrentes no mundo todo e por que tão pouco ainda é feito para preveni-la e denunciá-la".


"Olga é um think tank dedicado a elevar o nível da discussão sobre feminilidade nos dias de hoje. Os novos tempos trouxeram novas características, novos sonhos e novos objetivos para as mulheres… E Olga se propõe a descobrir quem é essa nova mulher, o que ela quer hoje, e criar conexões criativas mais reais e verdadeiras. A partir de um diálogo honesto, encontraremos formas femininas de pensar a vida – e que elas não sejam todas cor de rosa".


Minha opinião:
Eu tenho muita admiração pelas integrantes do Think Olga. Elas criaram a campanha Chega de Fiu-Fiu, estão produzindo um documentário sobre assédio nas ruas e lançaram esse e-book. Beijos pra vocês, suas lindas.

Meu corpo não é seu é um ensaio breve. Algo em torno de 32 páginas, dependendo do tamanho de fonte que você seleciona no leitor digital. Isso torna a obra concisa, mas não menos esclarecedora sobre a questão da violência contra a mulher. A obra trata os principais tipos dessa violência: feminicídio, violência doméstica, agressões físicas, ameaças psicológicas e assédio sexual. Além disso, busca passar pelos principais pontos da questão: o despreparo do governo ao lidar com esse tipo de violência; a errônea ideia de que essas agressões acontecem "quase como um assalto" por "um monstro desconhecido e encapuzado que some na noite escura", ao contrário, na maioria dos casos, são cometidas por alguém próximo ("o chefe que todos admiram, o namorado devoto e até aquele 'paizão' afetuoso"); a dificuldade de levar uma denúncia adiante, provocada pelo fato do agressor ser alguém próximo; a grande quantidade de vítimas que não chegam a denunciar; a sexualização muito precoce das mulheres; a socialização por meio do gênero; e outros tantos aspectos.

O e-book traz diversos dados para elucidar o tema:

"cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida apenas por pertencer ao sexo feminino".

"uma em cada cinco mulheres, em todo o mundo, sofreu uma tentativa de estupro ou foi de fato estuprada ao longo da vida. Em alguns países, a proporção é de uma entre três".

Ao longo da leitura, estão presentes também depoimentos de mulheres que passaram por uma situação de violência. Depoimentos tocantes e que me deixaram perplexa. Às vezes, não dá pra acreditar como esse nosso mundo é errado.

Eu recomendo a leitura para quem quiser entender melhor a questão da violência contra a mulher. E também para quem precisar de dados sobre o assunto.

Hoje não tem indicação de outras resenhas. No lugar, vou deixar um vídeo do debate que rolou com as autoras no lançamento do e-book:


  

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O que eu aprendi com Cinderela




-Quando uma mulher diz "To indo embora, beijos", o mais lógico e saudável é persegui-la ou mandar sua cavalaria perseguir para você;

-Quando uma mulher diz "Não quero, não gosto" , a melhor resposta que você pode dar é "Seja gentil";

-Você pode encontrar um príncipe. Contanto que seja loira, branca, magra, bem-educada, gentil, corajosa, bondosa, decorativa e cante bem.

-O príncipe sempre vai te aceitar do jeito que você é: totalmente dentro do padrão;

-Começar um relacionamento omitindo sua identidade não é um problema. Depois tudo se resolve;

-Pedir sombrinhas, laços e adornos é coisa de mulher fútil. Mulher de verdade pede um galho;

-Ser gentil é o segredo para ganhar sapatos de cristal sem pagar nada.


Não vou fazer um texto enorme sobre a história problemática de Cinderela. Existe até livro sobre o assunto para quem quiser.

Agora, Cate Blanchett merece um parágrafo só para ela. Que mulher. Ela simplesmente lacra como a madrasta. Eu gostei do fato de mostrarem as motivações da personagem. Isso deu mais profundidade para ela e não a deixou como má porque sim. Então se for para destacar um motivo para ver esse filme, será: Cate diva lacradora Blanchett.

Cate, quer ser minha amiga?

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Livro 7: Objetos cortantes, de Gillian Flynn



"Em seu romance de estreia, Gillian Flynn, a autora de Garota exemplar, dá um novo significado à expressão "família disfuncional". Aclamado pela crítica e por autores como Stephen King, o thriller psicológico Objetos cortantes recebeu da Crime Writer's Association os prestigiosos prêmios Ian Fleming Steel Dagger e John Creasey (New Blood) Dagger.

Recém-saída de um hospital psiquiátrico, a repórter Camille Preaker tem um desafio pela frente: retornar à sua cidade natal para investigar o brutal assassinato de uma menina e o desaparecimento de outra. Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã que praticamente não conhece. Hospedada na casa da família, a jornalista precisa lidar com as memórias difíceis de sua infância e adolescência. E à medida que as investigações para elaborar sua matéria avançam, Camille passa a desvendar segredos perturbadores, tão macabros quanto os problemas que ela própria enfrenta".


"Gillian Flynn é jornalista e, antes de se dedicar integralmente à carreira de escritora, trabalhou por dez anos como crítica de cinema e TV para a Entertainment Weekly. Nascida na cidade de Kansas, no Missouri, e formada em jornalismo e inglês pela Universidade do Kansas, Gillian escreveu durante dois anos para uma revista de negócios na Califórnia e concluiu um mestrado em jornalismo na Northwestern University, em Chicago.

Além de Garota exemplar, é autora dos premiados Sharp Objects e Dark Places. Seus livros foram publicados em vinte e oito países e tiveram os direitos de adaptação cinematográfica vendidos. Atualmente, Gillian mora em Chicago com o marido e o filho".


Minha opinião:
Objetos Cortantes tem uma premissa batida. Primeiro, o clichê da mulher da cidade grande que retorna à sua cidade natal interiorana e precisa confrontar o seu passado. Depois, a ideia de um assassinato em série, que já foi utilizada diversas vezes em livros, filmes, séries, novelas etc.

Ideias batidas podem ser usadas para criar histórias boas e surpreendentes. Não foi o que aconteceu nesse livro. Pelo menos, não até a página 150.

Queria compartilhar a aflição que senti na parte em que a protagonista descreve seus cortes:

"Eu me corto, sabe? E pico, e fatio, e gravo e furo. Sou um caso muito especial. Eu tenho determinação. Minha pele grita, vê? Está coberta de palavras (...)

Lembro de sentir aquela palavra, pesada e ligeiramente viscosa, sobre meu osso púbico. A faca de carne da minha mãe. Cortando como uma criança ao longo de linhas vermelhas imaginárias. Limpando. Afundando mais. Limpando. Jogando cloro sobre a faca e me esgueirando pela cozinha para devolvê-la. Má. Alívio. Passei o resto do dia cuidando do meu ferimento. Afundei nas curvas do M com um cotonete mergulhado em álcool. Acariciei a bochecha até a ardência passar. Loção. Atadura. Repetir".

Aqui entra outro ponto que dificultou minha imersão na trama: a protagonista. Camille não é o tipo de personagem que gera simpatia no leitor e o faz torcer por ela. Não tem a ver com ser legal ou algo do tipo. Brás Cubas é um merda e, mesmo assim, gera esse sentimento. Alex (de Laranja mecânica) é um sociopata e, de maneira controversa, gera esse sentimento. Ler uma narrativa em primeira sem simpatizar com a protagonista que está narrando, torna a leitura monótona.

Há também umas partes bem problemáticas como essa, na qual Camille está falando com o cara responsável pelo caso:

"-Uma vez no oitavo ano, uma garota ficou bêbada em uma festa do ensino médio e quatro ou cinco caras do time de futebol fizeram sexo com ela, meio que passaram de um para o outro. Isso conta?

-Camille. Claro que conta. (...) A polícia foi notificada?

-Claro que não.

-Fico surpreso por ela não ter sido obrigada a se desculpar por eles a terem estuprado. Oitavo ano. Isso me deixa enojado.

Ele tentou pegar minha mão novamente, mas eu a pousei no colo.

-Então é a idade que faz disso estupro - falei.

-Seria estupro em qualquer idade.

-Se eu ficasse bêbada além da conta esta noite, perdesse a cabeça e fizesse sexo com quatro caras, isso seria estupro?

-Legalmente não sei, dependeria de muitas coisas, como seu advogado. Mas eticamente, sim.

-Você é machista.

-O quê?

-Você é machista. Estou farta de homens liberais de esquerda praticando discriminação sexual sob o disfarce de proteger as mulheres da discriminação sexual".


Camille, amiga, senta aqui. Vamos conversar. Só porque você na sua experiência não considerou estupro, não significa que não seja. Muitas meninas foram abusadas por caras quando bêbadas e isso gera traumas profundos. Dizer (continuação do trecho): "algumas vezes mulheres bêbadas não são estupradas; elas simplesmente fazem escolhas idiotas", é relativizar o abuso e a violência sofridos por tantas mulheres. E sobre: "dizer que merecemos tratamento especial quando estamos bêbadas porque somos mulheres, dizer que precisamos ser cuidadas, isso é ofensivo", infelizmente é importante cuidar da amiguinha bêbada, sim, enquanto existir homem que aproveita o estado da moça para estuprar.

Então para não ficar nenhuma dúvida: quatro caras transando com uma menina bêbada é estupro porque ela não tem como consentir.

Voltando ao livro, finalmente chega a página 150 e a história engrena. Aí são 100 páginas de tensão. Nessa parte, eu torci pela protagonista e tive momentos de "sai daí, miga!".

Tudo certo, tudo lindo. Até chegar a última página e aparecer o desfecho da personagem. Aí eu fiquei ???

Também acho que o final ficou muito corrido. Parecia que a autora queria terminar logo a história. Talvez ficasse menos ??? se fosse mais desenvolvido.

Saldo final: achei o livro monótono até mais da metade e não indicaria a leitura. A não ser para uma pessoa que quisesse apenas 100 páginas (de 252) interessantes.


Resenhas legais:
Vou deixar aqui os links de duas resenhas de pessoas que, ao contrário de mim, gostaram do livro:

Resenha da Confeitaria

Resenha do Indique um Livro