Uma vez, quando era mais nova, me disseram que sou boa em ouvir. Aquilo, de certa forma, se tornou pedaço de mim. Ouvindo, percebi que podia conhecer melhor as pessoas. Já disse Eduardo Coutinho*: "Ser ouvido é uma das necessidades mais importantes do ser humano. Ser ouvido é ser legitimado". Percebi que podia ajudar as pessoas a se legitimarem. Tudo muito egoísta, mas nem tanto.
Dizem que lemos histórias para viver mais coisas do que seria possível em apenas uma vida. Ouvi-las também me permite isso.
Ouvir permite conhecer outro ponto de vista, de alguém diferente de mim. Entender. Ter empatia. Ampliar a visão.
Permite encontrar pontos em comum com o outro. Mesmas dúvidas, angústias, alegrias. Saber que não estou sozinha nessa jornada tão estranha e solitária que chamamos viver.
Ouvir histórias alheias mostra que nossa vida tem um quê de magia. Aquelas situações tornadas corriqueiras pelo emaranhado da rotina podem retomar seu verdadeiro valor quando contadas da maneira certa. Nos dias em que nada faz muito sentido a não ser acabar, lembro desse quê (ainda que pequeno) de magia.
Prestar atenção nas histórias dos outros me faz vê-las como importantes e lembrar que a minha também importa.
*Citação tirada do documentário Eduardo Coutinho, 7 de Outubro.
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