Blog destinado aos meus textos e poesias. Cada texto ou poema aqui escrito nasceu em um dia desimportante e compõe um pouco do segmento de reta que sou.
sábado, 26 de dezembro de 2015
Projeto de leitura 2015 - o final
No começo do ano, eu fiz um post falando sobre meu projeto de ler apenas mulheres em 2015 e escrever sobre os livros lidos aqui. Eu estou bem feliz de perceber que consegui seguir meu projeto sem abandonar e ainda cumpri meu acordo comigo mesma de falar sobre os livros aqui.
Como esse é o último final de semana do ano, encerro aqui o projeto. Conheci várias autoras novas maravilhosas e redescobri como é legal ler HQs. Valeu muito.
Não vou fazer nenhum projeto de leitura pro ano que vem, mas pretendo continuar lendo livros escritos por mulheres e falando sobre eles aqui. Temos que ler mais mulheres sempre.
Vou deixar aqui embaixo a lista dos livros que eu li com as respectivas resenhas linkadas nos títulos. Não consegui falar sobre todos, já peço desculpas.
Para quem quiser ler mais autoras mulheres em 2016, recomendo essa lista (aqui) que o Lugar de Mulher fez indicando 52 autoras para ler no próximo ano.
Livros lidos:
-Eu quero ser eu, de Clara Averbuck
-A redoma de vidro, de Sylvia Plath
-Rilke shake, de Angélica Freitas
-Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie
-O sonho da sultana, de Roquia Sakhawata Hussain
-Persépolis, de Marjane Satrapi
-Objetos cortantes, de Gillian Flynn
-Meu corpo não é seu, de Think Olga
-Diga meu nome e eu viverei, de Lady Sybylla
-Almanaque D'elas, de várias autoras
-Mulheres negras contam sua história, de várias autoras
-Os anões, de Veronica Stigger
-Sete vidas, de Heloisa Seixas
-Auri, a anfitriã, de Aline Moura e Bárbara Almeida
-Lugar de mulher, de Ana Paula Barbi, Clara Averbuck e Mari Messias
-A mão esquerda da escuridão, de Ursula K. Le Guin
-Guadalupe, de Angélica Freitas
-Por lugares incríveis, de Jennifer Niven
-A amiga genial, de Elena Ferrante
-Tenho dois papais, de Bela Bordeaux
-Gota de sangue a olho nu, de Cacau Ideguchi
-Anna Bolenna - o livro, de Bianca
-Carvalhos, de AnaLu Medeiros
-Azul é a cor mais quente, de Julie Maroh
-Sailor moon (coleção), de Naoko Takeuchi
-Zaralha, de Letícia Novaes
-Bordados, de Marjane Satrapi
-Delta de vênus, de Anais Nin
-A festa de Babette, de Karen Blixen
-O amante, de Marguerite Duras
-Clara: uma gotinha d'água, de Luciana Cordeiro de Souza
sábado, 12 de dezembro de 2015
Livro 24: Azul é a cor mais quente, de Julie Maroh
Sinopse:
"Azul é a cor mais quente, tradução da novela gráfica Le bleu est une couleur chaude, da francesa Julie Maroh. O livro conta a história de Clementine, uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota de cabelos azuis. Através de textos do diário de Clementine, o leitor acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer. A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Além disso, foi filmada em 2012 pelo franco-tunisiano Abdelatiff Kechiche e levou a Palma de Ouro, prêmio mais importante do Festival de Cannes. Em tempos de luta por direitos e de novas questões políticas, Azul é a cor mais quente surge para mostrar o lado poético e universal do amor, sem apontar regras ou gêneros".
Sobre a autora:
"Julie Maroh nasceu na cidade de Lens, França, em 1985.
Formou-se em artes visuais e estreou em 2011 como autora de graphic novels com
Le bleu est un couleur chaude - história que começou a ser desenvolvida quando
Maroh tinha apenas 19 anos. Mantém contato com seus leitores no site
www.juliemaroh.com, apresentando e discutindo diversos assuntos, de quadrinhos
a política".
Minha opinião:
Primeiramente, essa HQ foi uma das melhores leituras do meu ano.
Em termos gráficos, ela é linda.
Ao longo das páginas, acompanhamos a história de Clementine. Na adolescência, seu processo de autoconhecimento e de descoberta da própria sexualidade. Processo que se intensifica com a chega de Emma, uma universitária de cabelos azuis a quem o título faz referência. Também nessa parte há a não aceitação da sexualidade de Clementine por parte de sua família.
Imagem daqui |
Mais tarde, acompanhamos um pouco da vida adulta da protagonista bem como sua relação com Emma.
A única ressalva que tenho em relação à obra é a parte final (da vida adulta) ser muito corrida. Poderia ser melhor trabalhada.
Vários temas interessantes são abordados. A dificuldade de se aceitar e de se assumir em uma sociedade lesbofóbica. A rejeição da familia que muitas vezes chega a expulsar a pessoa de casa. Relacionamento abusivos entre mulheres, como o de Emma e Sabine. A luta LGBT por direitos. E outros.
Recomendo (e muito!) a HQ.
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Livro 23: Carvalhos, de AnaLu Medeiros
Sinopse:
"Idealizada em 2006, a tirinha de Carvalhos só começou a ser
regularmente produzida a partir de 2013, quando a autora desenvolveu o site
Tiraninha e criou coragem de mostrar sua produção para o mundo. Carvalhos é o
sexto título do selo de quadrinhos MBP e compila as tiras de uma família
marrenta, composta pelo casal Zé e Liz, e seus dois filhos, Maria Alice e Otto".
Sobre a autora (retirado do livro):
"AnaLu Medeiros nasceu em Natal e é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRN. Autora de Ana e o Sapo (2013), reúne suas artes no INK ana Studio, onde é tatuadora e faz quadrinhos nas horas vagas. Ou é quadrinista e faz ilustrações nas horas vagas. Ou é ilustradora e canta nas horas vagas. Ou..."
Minha opinião:
Carvalhos é um livro composto por uma série de tiras que mostram um pouco dessa família tão familiar (desculpa, eu já pedi desculpa). A sensação que eu tive ao ler esse livro foi a de "quem nunca?". Quem nunca teve na família ou conheceu um Zé, uma Liz, uma Má ou um Otto que atire a primeira pedra.
daqui |
AnaLu Medeiros fala sobre relações familiares e temas atuais de uma forma ácida e irônica. Daquele jeito que você ri, mas por dentro tá "pô, é verdade".
Gostei bastante.
Carvalhos foi um livro produzido por meio de uma campanha de financiamento coletivo e fecha essa série de posts sobre livros produzidos dessa forma e escritos por mulheres.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Livro 22: Zaralha, de Letícia Novaes
Sinopse:
"Zaralha – abri minha pasta apresenta com muito humor uma
série de poemas de Letícia Novaes, em conjunto com um material riquíssimo de
sua infância, o que reforça ainda mais a essência lúdica da obra. De
fotografias fofas e hilárias do álbum de família a versos inéditos, passando
por trabalhinhos de escola, brincadeiras de bar e desenhos criados no
Paintbrush, o livro revela com lirismo e irreverência a personalidade
apaixonante de sua autora, além de retratar de forma espetacular como era ser
criança nos anos 1980.
Com orelha assinada por Bruna Beber e um projeto gráfico
caprichado – que traz de volta a memória da pastinha escolar – a publicação foi
financiada por mais de 400 fãs e admiradores do trabalho de Letícia, no
terceiro crowdfunding bem-sucedido da Guarda-Chuva".
Sobre a autora:
"Letícia Novaes nasceu dia 5 de janeiro de 1982. É escritora e atriz, além de cantora e compositora da banda Letuce. Zaralha é seu primeiro livro".
Minha opinião:
Zaralha é uma bagunça organizada. Como realmente abrir a pasta da autora e se deparar com lembranças, pensamentos, textos de forma aleatória com sentido. Esse livro tem de tudo um pouco.
Tem poesia. Umas muito inusitadas, como forca:
"ideia de uma boa palavra para forca.
também recomendo MONSTRO
(as 4 consoantes juntas piram
qualquer um),
AGULHA, FLUXO E XERIFE."
Nunca tinha pensando nisso, 4 consoantes juntas piram qualquer um num jogo de forca.
Tem horóscopo macabro.
Tem um capítulo à parte com lembranças da escola.
Tem fotos.
Tem legenda para fotos antigas de mulheres que desconhecemos.
Resumindo, tem de tudo um pouco nesse livro.
Isso o torna tão fascinante. Não é uma coisa só. É uma bagunça, mas organizada.
Zaralha foi um livro produzido pela editora Guarda-Chuva por meio de uma campanha de financiamento coletivo.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Livro 21: Anna Bolenna - o livro, de Anna Bolenna
Sinopse:
"Sem temas específicos, os quadrinhos são baseados em
situações cotidianas, nas coisas que observo, sinto e vivencio. Transfiro essas
emoções para os meus desenhos e muitas pessoas acabam se identificando com as
situações vividas pela Anna Bolenna. Dessa forma percebem que não estão
sozinhas neste vasto mundo e que temos muito mais em comum do que imaginamos.
Todos nós compartilhamos das mesmas alegrias e dificuldades".
Sobre a autora:
"Amanda Gabriela Souza Reis, mais conhecida como Bianca ou Anna Bolenna, nasceu em 1992, na cidade de Belo Horizonte. É técnica em Design Gráfico e, atualmente, estuda Artes Visuais na UFMG. Publica quadrinhos quase que diariamente na página 'Anna Bolenna, a perturbada da corte' e semanalmente no jornal Super Notícia".
Minha opinião:
Amanda, ou Bianca ou Anna Bolenna, publica suas tirinhas na internet desde 2013. Se você usa o facebook, altas chances de já ter visto alguma delas. Esse ano, a autora decidiu compilar algumas em um livro por meio de uma campanha de financiamento coletivo. Assim nasceu Anna Bolenna - o livro.
As tirinhas não possuem um tema definido. São mais pensamentos da autora exprimidos em forma de poesia e de desenhos abstratos. Entretanto, muitas delas geram uma identificação no leitor do tipo "é isso que eu sinto/penso/vivo".
Poderia falar mil coisas sobre como as tirinhas são legais. No lugar disso, vou deixar algumas aqui para vocês sentirem (todas podem ser encontradas na página da Anna Bolenna):
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Livro 20: Gota de Sangue a Olho Nu, de Cacau Ideguchi
Sinopse:
"Gota de Sangue a Olho Nu é um projeto experimental repleto de abstração que dá margem à imaginação e interpretação.
Contemplando os pontos de vista de duas pessoas distintas a respeito uma da outra, o livro vai se desenrolando através dos pensamentos e sensações contrastantes e únicos delas".
Sobre a autora:
"Cacau Ideguchi é jornalista cultural, escritora, nascida em 1987, canceriana com ascendente em áries. Acredita apenas no vento contra".
Minha opinião:
Cacau Ideguchi descreve seu livro como um projeto experimental que dá margem a diversas interpretações. É exatamente isso que encontramos aqui.
Acompanhamos o desenvolvimento de um relacionamento por meio do ponto de vista das duas pessoas envolvidas e por desenhos que, por vezes, explicam o que não está dito. É um livro de detalhes, de perceber também o que não está ali.
As possibilidades de interpretação são várias por se tratar de uma obra aberta e um tanto abstrata. E até agora estou matutando sobre o título do livro e o seu significado.
Gota de Sangue a Olho Nu foi um livro produzido por meio de uma campanha de financiamento coletivo.
Curti a experiência.
Uma pequena propaganda:
Todo mês a Blooks Livraria do Shopping Frei Caneca promove o clube de leitura Leia Mulheres. Eu sempre vou e posso dizer que é muito legal. Além disso, um clube desses é uma iniciativa super bacana numa sociedade como a nossa em que a maioria dos autores publicados e reconhecidos são homens.
Esse mês (aproveitando que em outubro tem halloween), o livro escolhido foi Frankestein, de Mary Shelley. Esse livro é considerado o marco inaugural da Ficção Científica. E já vi muita gente falando "zuera que foi escrito por uma mulher". Então estou bem felizinha com a escolha.
Como sempre, fica o convite.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Livro 19: A amiga genial, de Elena Ferrante
Sinopse:
"A Série Napolitana, formada por quatro romances, conta a história de
duas amigas ao longo de suas vidas. O primeiro, A amiga genial, é narrado por
Elena Greco e cobre da infância aos 16
anos. As meninas se conhecem em uma vizinhança pobre de Nápoles, na década de
1950. Elena, a menina mais inteligente da turma, tem sua vida transformada
quando a família do sapateiro Cerullo chega ao bairro e Raffaella, uma criança
magra, mal comportada e selvagem, se torna o centro das atenções. Essa menina,
tão diferente de Elena, exerce uma atração irresistível sobre ela.
As duas se unem, competem, brigam, fazem planos. Em um bairro marcado
pela violência, pelos gritos e agressões dos adultos e pelo medo constante, as
meninas sonham com um futuro melhor. Ir embora, conhecer o mundo, escrever
livros. Os estudos parecem a melhor opção para que as duas não terminem como
suas mães entristecidas pela pobreza, cansadas, cheias de filhos. No entanto,
quando as duas terminam a quinta série, a família Greco decide apoiar os estudos
de Elena, enquanto os Cerrulo não investem na educação de Raffaella. As duas
seguem caminhos diferentes.
Mais que um romance sobre a intensidade e complexa dinâmica da amizade
feminina, Ferrante aborda as mudanças na Itália no pós-guerra e as transformações
pelas quais as vidas das mulheres passaram durante a segunda metade do século
XX. Sua prosa clara e fluída evoca o sentimento de descoberta que povoa a
infância e cria uma tensão que captura o leitor".
Sobre a autora (tradução livre):
"Elena Ferrante nasceu em Nápoles. É autora de Os dias do abandono, Troubling love, e The lost daughter. Sua Série Napolitana inclui A amiga genial, The story of a new name, Those who leave and those who stay e The story of the lost child, quarto e último volume da série".
Uma pequena propaganda:
Li A amiga genial para o clube Leia Mulheres de agosto.
Como sempre, recomendo o clube. Não, não estão me pagando pra isso. É de coração e por livre e espontânea vontade que o faço.
As mulheres ainda possuem um espaço muito limitado dentro do mundo da literatura. Basta apenas você comparar quantos livros escritos por homens e quantos por mulheres foram publicados nos últimos anos. Ou pensar nos autores clássicos, quantos são homens e quantas são mulheres?
A importância de um clube como o Leia Mulheres é incentivar a leitura de autoras mulheres. Nesse mês, mais ainda por se tratar de Toni Morrison, uma autora negra.
Então deixo aqui, como sempre, a recomendação.
O livro desse mês é Jazz.
Minha opinião:
A amiga genial é um livro tão denso que encontro dificuldades para falar sobre ele.
O maior talento de Ferrante, na minha opinião, está na construção de personagens. Ela os cria de maneira tão verossímil que a sensação é a de que podemos cruzar com qualquer um deles na esquina. E olha que são muitos personagens.
Para provar isso, coloco aqui três páginas apenas com nomes de personagens:
A autora possui domínio sobre a história e orquestra fatos, personagens e cenários com harmonia.
O livro trata da infância e da adolescência das duas personagens principais. Ao acompanhar esse período, a narrativa trata de diversos assuntos, É o caso da desigualdade social nesse trecho em que Elena e seus amigos vão visitar um bairro rico:
"Foi como atravessar uma fronteira. Lembro-me de uma calçada lotada e de algo como uma humilhante diversidade. Não olhava os rapazes, mas as garotas, as senhoras: eram absolutamente diferentes de nós. Pareciam ter respirado outro ar, ter comido outro alimento, estar vestidas como em outro planeta, ter aprendido a andar sobre fios de vento. Eu estava boquiaberta. Tanto mais que, enquanto eu teria parado para olhar com calma as roupas, os sapatos, o tipo de óculos que usavam, se usavam, elas passavam e pareciam não me ver. Não viam nenhum de nós cinco. Éramos imperceptíveis. Ou desinteressantes. Aliás, se às vezes o olhar recaía sobre nós, logo os viravam para outro lado, como enfastiadas. Só se olhavam entre si.
Todos nós percebemos isso. Ninguém tocou no assunto, mas notamos que Rino e Pasquale, mais velhos, só tiveram naquelas ruas a confirmação de coisas que já sabiam, e isso os deixava de mau humor, taciturnos, espicaçados pela certeza de estarem fora de lugar, ao passo que nós, meninas, só o descobrimos naquele momento, e com sentimentos ambíguos. Sentimo-nos incomodadas e encantadas, feias, mas também impelidas a nos imaginar como nos tornaríamos se tivéssemos tido meios de nos reeducar e vestir e maquiar e enfeitar como se deve. Entretanto, para não estragar a noite, reagíamos com risadas e ironias" (páginas 187 e 188)
Elena tem a possibilidade de estudar em um liceu clássico e superar um pouco dessa desigualdade por meio do conhecimento. Entretanto, ela acaba se distanciando do mundo de seus amigos e não entende mais qual o seu lugar. Como fica evidente no trecho:
"Foi durante aquele percurso rumo à rua Orazio que comecei a me sentir claramente uma estranha, infeliz por meu próprio estranhamento. Eu tinha crescido com aqueles rapazes, considerava seu comportamento normal, a língua violenta deles era a minha. Mas seguia cotidianamente, já há seis anos, um percurso que eles ignoravam por completo, e que eu, ao contrário, trilhava de modo tão brilhante que chegava a ser a melhor. Com eles eu não podia usar nada daquilo que aprendia diariamente, tinha que me conter, de alguma maneira me autodegradar. O que eu era na escola, ali era obrigada a colocá-lo entre parêntesis ou a usá-lo à traição, para intimidá-los. Me perguntei o que estava fazendo naquele carro. Ali estavam meus amigos, certo, ali estava meu namorado, estávamos indo à festa de casamento de Lila. Mas justamente aquela festa ratificava que Lila, a única pessoa que eu sentia ainda necessária malgrado nossas vidas divergentes, não nos pertencia mais, e, com sua retirada, toda mediação entre mim e aqueles jovens, aquele carro correndo por aquelas ruas, se exaurira". (página 320)
Outras temas são tratados, como abuso sexual. Fica aqui o trigger warning.
Não sei o que falar, apenas sentir. Por isso, vou deixar aqui embaixo a resenha da Michelle Henriques sobre o livro. Leiam.
Outras resenhas:
A amiga genial, por Michelle Henriques
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Musicais que gosto (parte 1)
Hoje vou listar filmes musicais que eu curto.
Já vou fazer roleta da inimizade e dizer que Grease e O mágico de Oz definitivamente não estão na lista de musicais que eu curto. Mals aê.
(Sério, alguém me explica o que tem demais em Grease?)
Se você quiser atribuir alguma utilidade ao post (dizem que as pessoas gostam de coisas úteis), pense que é uma lista para aquele dia de tédio e de indecisão no qual você não consegue escolher algo para assistir. Só vir aqui e escolher um.
Os filmes não estão em ordem de preferência.
Sim, essa é a primeira parte e vai ter uma segunda. Por motivos de tenho tantos musicais no meu coração que um post não é o suficiente para todos.
1) Chicago
2) Cabaret
4) Moulin Rouge
O filme conta a história de amor de Satine (Nicole Kidman), uma famosa cortesã do cabaré Moulin Rouge, e Christian (Ewan McGregor), um escritor boêmio recém-chegado a Paris.
A premissa é bem clichê. Um amor proibido. Uma protagonista divida entre o amor verdadeiro do mocinho e a oportunidade de sucesso que o vilão (o duque) pode lhe dar. Uma força maior (no caso, uma doença) e incontrolável pairando sobre o amor dos protagonistas.
Meu lado romântico idealizador se derrete com personagens falando: "A coisa mais importante que se pode aprender é amar e, em troca, amado ser".
O interessante desse musical é a forma. O diretor usa um clichê para criar um filme de musical diferente e arrojado. Tanto que há quem diga que Moulin Rouge é aquele tipo de filme que você odeia ou ama, sem meio termo. Eu amo.
A trilha sonora é toda composta por versões de músicas já existentes, o que eu achei demais. Há versões de Nature boy, Your song, Roxanne, Like a virgin, The show must go on, Diamonds are a girl's best friend e outras músicas.
A única música original, e minha favorita, é Come what may.
Lado romântico idealizador também derrete com: "Cante esta canção e eu estarei ao seu lado. Tempestades podem se formar e as estrelas colidir, mas eu te amarei até o fim dos tempos". Brega, mas tão fofo.
Dolly (Barbra Streisand) é uma viúva casamenteira que, em um belo dia de sol, decide que vai conquistar o viúvo Horace (Walter Matthau). Ela faz o maior esquema para no mesmo dia conquistá-lo, convencê-lo a aceitar o romance da sobrinha e ajudar seus dois funcionários a conquistarem duas moças.
Só queria dizer que essa mulher é uma das melhores estrategistas que eu já vi.
Primeiro motivo para ver: o filme é dirigido pelo Gene Kelly, o moço da famosa cena de Cantando na Chuva.
Acho que a maioria das pessoas deve conhecer duas músicas desse filme: Put on your sunday clothes e It only takes a moment. Por que? Por causa de um filme chamado Wall-e. A primeira é a música que toca na abertura do filme da Pixar e a segunda é a que aparece na cena que o robozinho assiste um filme triste por não ter um amor.
Inclusive, assisti esse filme por causa de Wall-e.
Para os fãs de High School Musical, alguém lembra daquela cena em que o Chad pergunta: "Já viu o Michael Crawford numa caixa de cereais?". Se na época você não entendeu de quem ele estava falando, dicona: Michael Crawford está nesse filme.
Então, dois motivos para assistir: Wall-e e descobrir quem é Michael Crawford.
Minha música favorita é It only takes a moment. Sou romântica e brega. Me deixa.
6) Cinderela em Paris
Jo Stockton (Audrey Hepburn) está de boa trabalhando em uma livraria quando um fotógrafo, Dick Avery (Fred Astaire), e uma editora de uma revista feminina famosa, Maggie Prescott (Kay Thompson), invadem o lugar para fazer uma sessão de fotografias. Maggie está procurando um novo rosto para representar a revista e Dick sugere a moça da livraria. Depois de alguma resistência, Jo, que não curte revistas femininas nem moda, aceita o trabalho para poder ir a Paris conhecer um intelectual que gosta muito. E aí altas confusões.
Um motivo para assistir esse filme? Audrey Hepburn e Fred Astaire. Dois atores super divosos estrelando o mesmo filme. Não tem como dar ruim.
Minha cena favorita é a que eles cantam Funny face.
No primeiro semestre da faculdade, revelamos umas fotografias em laboratório e tudo. Ficava pensando "é agora que eu começo a sapatear enquanto revelo?".
7) Hairspray
Tracy Turnblad (Nikki Blonsky) realiza o sonho de se tornar dançarina do The Corny Collins Show. Entretanto, ela tem que enfrentar a sociedade preconceituosa dos anos 60.
Hairspray possui várias discussões dentro de sua trama, como a questão racial e a gordofobia. Tudo dentro de um universo super colorido.
A mensagem do filme é a mensagem da aceitação. A protagonista, por exemplo, não muda seu corpo para se enquadrar aos padrões de beleza. O que fica é: quem tem que mudar é a sociedade e sua visão preconceituosa.
Minha música favorita é Without love.
Já vou fazer roleta da inimizade e dizer que Grease e O mágico de Oz definitivamente não estão na lista de musicais que eu curto. Mals aê.
(Sério, alguém me explica o que tem demais em Grease?)
Se você quiser atribuir alguma utilidade ao post (dizem que as pessoas gostam de coisas úteis), pense que é uma lista para aquele dia de tédio e de indecisão no qual você não consegue escolher algo para assistir. Só vir aqui e escolher um.
Os filmes não estão em ordem de preferência.
Sim, essa é a primeira parte e vai ter uma segunda. Por motivos de tenho tantos musicais no meu coração que um post não é o suficiente para todos.
1) Chicago
Roxie Hart (Renée Zellweger) sonha em ser famosa. Mas tudo dá errado quando ela mata o amante que a enganou e vai presa. Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) é uma famosa dançarina que acaba presa após matar a irmã e o marido, que estavam tendo um caso. A prisão acaba, inesperadamente, trazendo fama para as duas. Defendidas pelo advogado interesseiro Billy Flynn (Richard Gere), as duas iniciam uma disputa pelo lugar de maior evidência na mídia.
Há muitos motivos para assistir (e amar) Chicago. As músicas são ótimas assim como os números de dança. Se você é do tipo que não curte cantoria sem motivo, todos os números servem para continuar a história.
O elenco é maravilhoso. Tem Renée Zellwegger, Catherine Zeta-Jones (que sapateia, dança, canta e o escambal), Richard Gere (em um dos únicos papeis dele que eu curto), Queen Latifah, John C. Reilly e Christine Baranski (que, vamo combinar, tá em tudo quanto é musical).
E ainda tem críticas ao sistema penitenciário e ao mundo de aparência das celebridades.
Ah, o final (leve spoiler) tem uma vibe minas juntas são mais fortes, resultando em Nowadays.
Depois de tudo isso, só resta dizer: assista.
Difícil eleger uma música favorita nesse filme porque todas são muito boas. Mas vou ficar com Cell Block Tango.
2) Cabaret
Sally Bowles (Liza Minelli) - já falei dela aqui - é uma jovem sonhadora que canta no cabaré Kit Kat enquanto tenta oportunidade de ser atriz. Ela conhece Brian Roberts (Michael York), um escritor inglês recém-chegado a Berlim, e juntos eles embarcam em altas aventuras. Ainda mais quando surge o amigo rico, Maximillian von Heune (Helmut Griem).
Um motivo para assistir Cabaret: Liza Minelli.
Outro motivo para assistir: Joel Grey. Ele arrasa como um tipo de mestre de cerimônias do cabaré. Só pra ter uma noção, tem a música Money.
Cabaret desafiou a sociedade dos anos 70 ao trazer uma personagem livre e dona de si, dois personagens bissexuais (Brian e Max), personagens travestis, entre outros aspectos que não lembro agora.
Minha música favorita é a música tema Cabaret.
3) O fantasma da ópera
Christine Daae (Emmy Rossum) tem a oportunidade de cantar no papel principal de uma ópera após a cantora principal do teatro, La Carlotta (Minnie Driver), se demitir no dia da apresentação. Raul (Patrick Wilson), visconde de Chagny e amigo de infância de Christine, a reencontra no dia da estreia da ópera e rola um clima. Apesar do sucesso de Christine ao cantar na peça, coisas estranhas acontecem no teatro e são atribuídas ao tutor da moça: o Fantasma da Ópera.
Basicamente, inicia um triângulo amoroso entre Christine, Raul (o estereótipo do príncipe encantado) e o Fantasma. Ao mesmo tempo, La Carlotta quer o papel principal de volta contrariando as exigências do Fantasma. Altas tretas.
Esse musical tem um lugar especial no meu coração, pois foi o filme que me fez ser a apaixonada pelo gênero que sou. Assisti tanto na adolescência que quase sabia as falas de cor. Também tinha um medinho do Fantasma e pode ser que, medrosa como sou, tenha passado algumas noites acordada.
O Fantasma da Ópera é um musical estilo clássico, com personagens que cantam seus sentimentos sem motivo aparente, alguma ostentação e situações simplificadas que não são muito verossímeis fora desse universo. Eu curto.
Só me irrita um pouco a maneira como as pessoas veem a relação do Fantasma com Christine. Tem gente que fica "ai que fofo, ele não consegue compor sem ela". Migas, ele é obcecado por ela e aqui rola uma relação doentia. Então não vamos romancear relacionamento abusivo, né, amores? Assistir problematizando é sempre bacana.
Também queria compartilhar algumas curiosidades. Emmy Rossum tinha 16 anos (idade de Christine na história) quando fez esse filme. Sempre fico "what?!" quando lembro. Eles construíram o teatro que aparece no filme porque Andrew Lloyd Weber considerava o teatro como um personagem. Na cena em que o lustre cai e tudo pega fogo, o lustre realmente caiu e tudo pegou fogo. O diretor queria realismo e tals.
Minha música favorita é Past the point of no return.
4) Moulin Rouge
O filme conta a história de amor de Satine (Nicole Kidman), uma famosa cortesã do cabaré Moulin Rouge, e Christian (Ewan McGregor), um escritor boêmio recém-chegado a Paris.
A premissa é bem clichê. Um amor proibido. Uma protagonista divida entre o amor verdadeiro do mocinho e a oportunidade de sucesso que o vilão (o duque) pode lhe dar. Uma força maior (no caso, uma doença) e incontrolável pairando sobre o amor dos protagonistas.
Meu lado romântico idealizador se derrete com personagens falando: "A coisa mais importante que se pode aprender é amar e, em troca, amado ser".
O interessante desse musical é a forma. O diretor usa um clichê para criar um filme de musical diferente e arrojado. Tanto que há quem diga que Moulin Rouge é aquele tipo de filme que você odeia ou ama, sem meio termo. Eu amo.
A trilha sonora é toda composta por versões de músicas já existentes, o que eu achei demais. Há versões de Nature boy, Your song, Roxanne, Like a virgin, The show must go on, Diamonds are a girl's best friend e outras músicas.
A única música original, e minha favorita, é Come what may.
Lado romântico idealizador também derrete com: "Cante esta canção e eu estarei ao seu lado. Tempestades podem se formar e as estrelas colidir, mas eu te amarei até o fim dos tempos". Brega, mas tão fofo.
5) Hello Dolly
Dolly (Barbra Streisand) é uma viúva casamenteira que, em um belo dia de sol, decide que vai conquistar o viúvo Horace (Walter Matthau). Ela faz o maior esquema para no mesmo dia conquistá-lo, convencê-lo a aceitar o romance da sobrinha e ajudar seus dois funcionários a conquistarem duas moças.
Só queria dizer que essa mulher é uma das melhores estrategistas que eu já vi.
Primeiro motivo para ver: o filme é dirigido pelo Gene Kelly, o moço da famosa cena de Cantando na Chuva.
Acho que a maioria das pessoas deve conhecer duas músicas desse filme: Put on your sunday clothes e It only takes a moment. Por que? Por causa de um filme chamado Wall-e. A primeira é a música que toca na abertura do filme da Pixar e a segunda é a que aparece na cena que o robozinho assiste um filme triste por não ter um amor.
Inclusive, assisti esse filme por causa de Wall-e.
Para os fãs de High School Musical, alguém lembra daquela cena em que o Chad pergunta: "Já viu o Michael Crawford numa caixa de cereais?". Se na época você não entendeu de quem ele estava falando, dicona: Michael Crawford está nesse filme.
Michael Crawford como o funcionário vida loka de Horace |
Então, dois motivos para assistir: Wall-e e descobrir quem é Michael Crawford.
Minha música favorita é It only takes a moment. Sou romântica e brega. Me deixa.
6) Cinderela em Paris
Jo Stockton (Audrey Hepburn) está de boa trabalhando em uma livraria quando um fotógrafo, Dick Avery (Fred Astaire), e uma editora de uma revista feminina famosa, Maggie Prescott (Kay Thompson), invadem o lugar para fazer uma sessão de fotografias. Maggie está procurando um novo rosto para representar a revista e Dick sugere a moça da livraria. Depois de alguma resistência, Jo, que não curte revistas femininas nem moda, aceita o trabalho para poder ir a Paris conhecer um intelectual que gosta muito. E aí altas confusões.
Um motivo para assistir esse filme? Audrey Hepburn e Fred Astaire. Dois atores super divosos estrelando o mesmo filme. Não tem como dar ruim.
Minha cena favorita é a que eles cantam Funny face.
No primeiro semestre da faculdade, revelamos umas fotografias em laboratório e tudo. Ficava pensando "é agora que eu começo a sapatear enquanto revelo?".
7) Hairspray
Tracy Turnblad (Nikki Blonsky) realiza o sonho de se tornar dançarina do The Corny Collins Show. Entretanto, ela tem que enfrentar a sociedade preconceituosa dos anos 60.
Hairspray possui várias discussões dentro de sua trama, como a questão racial e a gordofobia. Tudo dentro de um universo super colorido.
A mensagem do filme é a mensagem da aceitação. A protagonista, por exemplo, não muda seu corpo para se enquadrar aos padrões de beleza. O que fica é: quem tem que mudar é a sociedade e sua visão preconceituosa.
Minha música favorita é Without love.
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Livro 18: Por lugares incríveis, de Jennifer Niven
Sinopse:
"Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus
planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro
e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, a garota se
afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o
esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos
períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família.
Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando
poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de
suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas
tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa,
encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa
dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares
incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet
alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os
dias e passa a vivê-los".
"É autora de quatro romances para adultos -American Blonde, Becoming
Clementine,Velva Jean Learns to Fly e Velva Jean Learns
to Drive -, três livros de não ficção - The Ice Master, Ada
Blackjack e The Aqua Net Diaries- e um livro de memórias
sobre suas experiências no ensino médio. Apesar de ter sido criada em Indiana,
hoje vive com o noivo e três gatos em Los Angeles, seu lugar preferido para
andanças. Para mais informações, acesse , ou encontre-a no Facebook".
Minha opinião:
Li Por lugares incríveis para o clube leia mulheres de julho. Esse clube contou com a participação especial da Capitolina, revista adolescente com viés feminista que é puro amor.
Como sempre, vou recomendar o clube. Acontece todo mês na Blooks Livraria do shopping Frei Caneca. Para agosto, o livro selecionado foi A amiga genial, de Elena Ferrante. Próximo encontro acontece dia 25 de agosto (mais informações aqui)
Por lugares incríveis é um livro YA (young-adult), ou seja, destinado a pessoas entre 14 e 21 anos.
Eu gostei e desgostei do livro. Vou colocar aqui tanto os aspectos positivos quanto os negativos.
Cada capítulo é narrado do ponto de vista de um dos protagonistas. Para não deixar confuso, vou dizer sob qual ponto de vista estão os trechos.
Cada capítulo é narrado do ponto de vista de um dos protagonistas. Para não deixar confuso, vou dizer sob qual ponto de vista estão os trechos.
O que é legal:
(TW: depressão, suicídio, imagem forte)
Primeiro ponto que me chamou atenção durante a leitura foi a inclusão de trechos de escritores clássicos em um livro YA (olhaí eu tomando na cara do meu preconceito). Essa inserção é feita de maneira natural, ajudando a história a prosseguir. Não fica algo planfetário estilo enfia isso aê pra ver se os jovens se interessam em ler clássicos. Cada trecho tem um sentido para a trama.
Outra coisa bacana é que a maioria dos trechos são de Virginia Woolf. Um valorize as minas no meio do livro.
Segundo ponto que me chamou atenção foi a maneira realista com que a autora retratou os adolescentes (a maioria dos personagens tem 17 anos no livro), fugindo do formato Malhação ao qual estamos acostumados. Ela retratou adolescentes que bebem, fazem sexo, têm depressão. Não uma adolescência "limpinha" e maquiada.
Exemplo. O que Finch pensa quando está sofrendo bullying: "Quero bater a cabeça dele em um armário e enfiar a mão em sua garganta e puxar seu coração pela boca".
Terceiro ponto foi a presença de temas que não costumam ser tratados, ou que o são de maneira atenuada, em livros desse gênero, como depressão e suicídio.
Suicídio, principalmente, é um assunto muito tabu na sociedade. Uma pessoa do clube comentou que parece que só se pode falar de suicídio se for de uma forma ""glamourizada"" como nessa foto famosa:
No dia 1 de maio de 1947, a jovem Evelyn McHale, então com 23 anos, se jogou do 86º andar do Empire State Building e caiu em cima do teto de uma limusine. Um fotógrafo registrou a imagem acima do ocorrido.
Uma pesquisa rápida no google vai te mostrar textos chamando esse de "o mais belo suicídio". A pessoa do clube comentou que viu alguém postando a foto com a legenda "isso que é morrer de forma glamourosa".
Gente, parou de glamorizar suicídio, né?
(SPOILERS! INCLUSIVE DO FINAL DO LIVRO!)
O livro vai totalmente no oposto dessa romantização que o suicídio passa pra poder ser falado. Ele mostra a situação limite que leva alguém a optar pelo suicídio e o efeito devastador que a atitude tem nas pessoas que ficam.
No final, tem uma nota da autora falando sobre a quantidade de pessoas que se suicidam por ano e sobre a bipolaridade (doença do protagonista). Ela também fala como um diagnóstico e um tratamento adequado poderiam ter salvo a vida de Finch.
(FIM DOS SPOILERS!)
Depois de uma mensagem PROCURE AJUDA, o livro traz uma lista de lugares para os quais é possível ligar atrás de ajuda.
Achei muito legal essa iniciativa.
O que não é legal:
(TW: assédio)
Fiquei muito incomodada com a maneira como a relação dos protagonistas foi construída.
Logo no começo, Finch salva a vida de Violet. A história que corre no colégio é que ela o salvou. Ela perdeu a irmã há um ano em um acidente de carro e ainda não superou.
Violet paga um micão na aula e Finch decide pagar um micão maior pra ajudá-la. Ela sorri pra ele, agradecendo.
Aí pronto.
Finch fica "ai ela sorriu pra mim e foi verdadeiro, quero essa mina" e começa a cercar Violet. Rola um verdadeiro assédio.
Vou colocar alguns trechos aqui. Talvez tenham alguns spoilers mais fortes.
Finch dá um jeito de Violet não ter como recusar ser sua dupla no trabalho do colégio. No mesmo dia, ele faz um facebook e adiciona ela. Aí acontece essa cena (ponto de vista de Finch):
"De repente, uma mensagem aparece na caixa de entrada.
Violet: Você me encurralou. Na frente de todo mundo.
Eu: Você aceitaria ser minha dupla se eu não tivesse feito aquilo?"
Ótimo quando a gente respeita o fato da outra pessoa talvez não querer ser nossa dupla no trabalho, né?
Depois, rola outra conversa pelo facebook sobre o trabalho (ponto de vista de Violet):
"Finch: Se você não quiser conversar pelo facebook, posso ir aí.
Eu: Agora?
Finch: Bom, teoricamente, em cinco ou dez minutos. Tenho que me vestir primeiro, a não ser que você prefira que eu vá pelado, além do tempo que vou gastar no caminho.
Eu: Está tarde.
Finch: Isso é relativo (...). A gente só vai conversar. Nada mais que isso. Não estou dando em cima de você.
Finch: A não ser que você queira. Que eu dê em cima de você.
Eu: Não.
Finch: "Não", você não quer que eu vá, ou "não", você não quer que eu dê em cima de você?
Eu: Os dois. Todas as anteriores.
Finch: Tá bom. A gente pode conversar na escola. Talvez na aula de geografia, ou posso procurar você no almoço. Você em geral está com Amanda e Roamer, né?
Ai, meu Deus. Faz isso parar. Faz ele desistir.
Eu: Se você vier aqui hoje, promete parar com isso de uma vez por todas?"
A mina já tá pedindo a Deus pro menino desistir e sumir. Sintomático. Talvez, só talvez, ele esteja forçando a barra.
Finch ignora que Violet claramente ta odiando tudo isso e manda na conversa seguinte (ponto de vista da Violet):
"Finch: (...) Você ainda vai me querer quando eu tiver quatro metros e oitenta de altura?
Eu: Como vou querer você com quatro metros e oitenta de altura se nem te quero agora?"
Não satisfeito, Finch diz na mesma conversa:
"(...) mas aí ele escreve: Me encontre no Quarry.
Eu: Não posso
Finch: Não me deixe esperando. Pensando melhor, encontro você aí.
Eu: Não posso.
Nenhuma resposta.
Eu: Finch?"
Além dela já ter demonstrado que não está gostando da situação e dito que não quer ele, Finch ainda ignora o "não" de Violet e vai até a casa dela (ponto de vista de Finch):
"Jogo pedras na janela, mas ela não desce. Penso em tocar a campainha, mas isso só acordaria seus pais. Tento esperar, mas a cortina não mexe e a porta não abre e está frio pra cacete, então entro no Tranqueira e vou pra casa"
Quando achamos que não pode ficar mais bizarro, chega a manhã seguinte (ponto de vista de Violet):
"Manhã seguinte. Minha casa. Saio pela porta e encontro Finch deitado no gramado, olhos fechados, botas pretas cruzadas na altura do tornozelo. A bicicleta está encostada ao seu lado, metade na rua e metade fora.
Chuto a sola de uma bota.
-Você ficou aqui fora a noite toda?
Ele abre os olhos.
-Então você sabia que eu estava aqui. É difícil saber se estamos sendo ignorados quando estamos, devo ressaltar, no frio congelante do ártico. - Ele levanta, coloca a mochila no ombro, pega a bicicleta".
Ela não te ignorou, amigo. Se alguém ignorou alguma coisa aqui, foi você quando ela disse não.
A partir daqui, eu parei de anotar esses trechos. Sim, tem muito mais coisa problemática.
Mas o pior de todos pra mim foi esse. Finch está com os dois melhores amigos e eles estão falando sobre violet (ponto de vista de Finch):
"De repente, não quero que Bren e Charlie falem sobre Violet , porque quero que ela seja só minha. Como no Natal em que eu tinha 8 anos e ganhei minha primeira guitarra, que batizei de Intocável, porque ninguém além de mim podia encostar nela"
O cara compara a mina a um objeto. Objetificação escancarada manda beijos.
Fora isso, ele a vê como uma posse que ninguém, além dele, pode encostar. Alguém avisa a Violet que ela ta entrando em um relacionamento abusivo.
Pelo menos, tem uma parte em que Finch quer de todo jeito que Violet entre no carro dele. Ela vira e fala:
"Você tem que parar de tentar convencer as pessoas a fazer o que elas não querem. Você é simplesmente invasivo"
Infelizmente, ela entra no carro contra sua vontade.
Resumindo:
Por lugares incríveis poderia ser um livro ótimo que desmistifica depressão para jovens e adolescentes, além de incentivá-los a procurar ajuda. Mas a romantização de assédio e a maneira abusiva com a qual é construído o relacionamento dos protagonistas estraga tudo.
(FIM DOS SPOILERS!)
Depois de uma mensagem PROCURE AJUDA, o livro traz uma lista de lugares para os quais é possível ligar atrás de ajuda.
Achei muito legal essa iniciativa.
O que não é legal:
(TW: assédio)
Fiquei muito incomodada com a maneira como a relação dos protagonistas foi construída.
Logo no começo, Finch salva a vida de Violet. A história que corre no colégio é que ela o salvou. Ela perdeu a irmã há um ano em um acidente de carro e ainda não superou.
Violet paga um micão na aula e Finch decide pagar um micão maior pra ajudá-la. Ela sorri pra ele, agradecendo.
Aí pronto.
Finch fica "ai ela sorriu pra mim e foi verdadeiro, quero essa mina" e começa a cercar Violet. Rola um verdadeiro assédio.
Vou colocar alguns trechos aqui. Talvez tenham alguns spoilers mais fortes.
Finch dá um jeito de Violet não ter como recusar ser sua dupla no trabalho do colégio. No mesmo dia, ele faz um facebook e adiciona ela. Aí acontece essa cena (ponto de vista de Finch):
"De repente, uma mensagem aparece na caixa de entrada.
Violet: Você me encurralou. Na frente de todo mundo.
Eu: Você aceitaria ser minha dupla se eu não tivesse feito aquilo?"
Ótimo quando a gente respeita o fato da outra pessoa talvez não querer ser nossa dupla no trabalho, né?
Depois, rola outra conversa pelo facebook sobre o trabalho (ponto de vista de Violet):
"Finch: Se você não quiser conversar pelo facebook, posso ir aí.
Eu: Agora?
Finch: Bom, teoricamente, em cinco ou dez minutos. Tenho que me vestir primeiro, a não ser que você prefira que eu vá pelado, além do tempo que vou gastar no caminho.
Eu: Está tarde.
Finch: Isso é relativo (...). A gente só vai conversar. Nada mais que isso. Não estou dando em cima de você.
Finch: A não ser que você queira. Que eu dê em cima de você.
Eu: Não.
Finch: "Não", você não quer que eu vá, ou "não", você não quer que eu dê em cima de você?
Eu: Os dois. Todas as anteriores.
Finch: Tá bom. A gente pode conversar na escola. Talvez na aula de geografia, ou posso procurar você no almoço. Você em geral está com Amanda e Roamer, né?
Ai, meu Deus. Faz isso parar. Faz ele desistir.
Eu: Se você vier aqui hoje, promete parar com isso de uma vez por todas?"
A mina já tá pedindo a Deus pro menino desistir e sumir. Sintomático. Talvez, só talvez, ele esteja forçando a barra.
Finch ignora que Violet claramente ta odiando tudo isso e manda na conversa seguinte (ponto de vista da Violet):
"Finch: (...) Você ainda vai me querer quando eu tiver quatro metros e oitenta de altura?
Eu: Como vou querer você com quatro metros e oitenta de altura se nem te quero agora?"
Não satisfeito, Finch diz na mesma conversa:
"(...) mas aí ele escreve: Me encontre no Quarry.
Eu: Não posso
Finch: Não me deixe esperando. Pensando melhor, encontro você aí.
Eu: Não posso.
Nenhuma resposta.
Eu: Finch?"
Além dela já ter demonstrado que não está gostando da situação e dito que não quer ele, Finch ainda ignora o "não" de Violet e vai até a casa dela (ponto de vista de Finch):
"Jogo pedras na janela, mas ela não desce. Penso em tocar a campainha, mas isso só acordaria seus pais. Tento esperar, mas a cortina não mexe e a porta não abre e está frio pra cacete, então entro no Tranqueira e vou pra casa"
Quando achamos que não pode ficar mais bizarro, chega a manhã seguinte (ponto de vista de Violet):
"Manhã seguinte. Minha casa. Saio pela porta e encontro Finch deitado no gramado, olhos fechados, botas pretas cruzadas na altura do tornozelo. A bicicleta está encostada ao seu lado, metade na rua e metade fora.
Chuto a sola de uma bota.
-Você ficou aqui fora a noite toda?
Ele abre os olhos.
-Então você sabia que eu estava aqui. É difícil saber se estamos sendo ignorados quando estamos, devo ressaltar, no frio congelante do ártico. - Ele levanta, coloca a mochila no ombro, pega a bicicleta".
Ela não te ignorou, amigo. Se alguém ignorou alguma coisa aqui, foi você quando ela disse não.
A partir daqui, eu parei de anotar esses trechos. Sim, tem muito mais coisa problemática.
Mas o pior de todos pra mim foi esse. Finch está com os dois melhores amigos e eles estão falando sobre violet (ponto de vista de Finch):
"De repente, não quero que Bren e Charlie falem sobre Violet , porque quero que ela seja só minha. Como no Natal em que eu tinha 8 anos e ganhei minha primeira guitarra, que batizei de Intocável, porque ninguém além de mim podia encostar nela"
O cara compara a mina a um objeto. Objetificação escancarada manda beijos.
Fora isso, ele a vê como uma posse que ninguém, além dele, pode encostar. Alguém avisa a Violet que ela ta entrando em um relacionamento abusivo.
Pelo menos, tem uma parte em que Finch quer de todo jeito que Violet entre no carro dele. Ela vira e fala:
"Você tem que parar de tentar convencer as pessoas a fazer o que elas não querem. Você é simplesmente invasivo"
Infelizmente, ela entra no carro contra sua vontade.
Resumindo:
Por lugares incríveis poderia ser um livro ótimo que desmistifica depressão para jovens e adolescentes, além de incentivá-los a procurar ajuda. Mas a romantização de assédio e a maneira abusiva com a qual é construído o relacionamento dos protagonistas estraga tudo.
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Livro 17: Guadalupe, de Angélica Freitas
Sinopse:
"Às vésperas de completar trinta anos, tudo o que Guadalupe
quer é esquecer seu trabalho no sebo de Minerva, seu tio travesti. É ela quem
pilota um furgão velho pela Cidade do México, apanhando coleções de livros que
Minerva arremata por poucos pesos de famílias enlutadas. O símbolo da Minerva
Libros é uma coruja, mas bem podia ser um abutre, um abutre com lantejoulas.
Em seu aniversário, Guadalupe só quer sair para beber e dançar com amigos. Mas um telefonema muda seus planos. No meio do pior engarrafamento do ano - ela aproveita engarrafamentos para ler os clássicos -, fica sabendo que a avó, Elvira, uma velhinha intrépida, morreu ao chocar sua scooter com uma banca de tacos sobre duas rodas.
Como Guadalupe tem o furgão, ela é a única que pode cumprir o último desejo da avó: um enterro com banda de música em Oaxaca, onde nasceu. Guadalupe embarca com Minerva e sua inseparável poodle, mais o caixão, rumo à cidade. No caminho, contrariando a opinião de Guadalupe, Minerva dá carona a um exótico rapaz, que se diz guatemalteco, e os problemas começam.
Neste road movie regado a mitologia asteca e cogumelos mágicos, a poeta Angélica Freitas e o quadrinista Odyr narram a divertida - e por vezes assustadora - história dessa viagem. Uma aventura inusitada ao coração do México, onde um embate contra as forças do mal é tudo menos o que parece ser."
"Nasceu em 1973, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Publicou,
entre outros, o premiado volume de poesias Rilke shake, além do
recente Um útero é do tamanho de um punho, ambos pela Cosac Naify.
Suas obras já foram traduzidas na Argentina, Espanha, México, Estados Unidos,
Alemanha e França."
Minha opinião:
(ALERTA DE SPOILERS!)
Guadalupe é uma HQ simples, tanto no traço quanto no texto, e de rápida leitura.
Angélica Freitas utiliza a mitologia asteca e cria a divindade Xyzótlan, a qual quer roubar a alma de sua falecida vó.
A trama principal da HQ é Guadalupe e Minerva levando Elvira para ser sepultada em Oaxaca enquanto um servo de Xyzótlan tenta roubar a alma da defunta. É uma trama bem simples sem grandes surpresas.
A força da obra está em sua originalidade. Como cogumelos mágicos alucinógenos que transformam Minerva em Muxe Maravilha. Ou a invocação do Village People para salvar o dia.
Uma coisa que eu curti foi o final da personagem. No lugar de encontrar um príncipe, ela encontra a si mesma.
É uma leitura para ser feita sem muita pretensão.
Ainda assim, eu esperava mais de uma obra de Angélica Freitas.
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Metades
minha vida é de metades
de quases que não se totalizam
de verdades que não se provam
de desejos que não se concretizam
a totalidade mente
apenas na
de quases que não se totalizam
de verdades que não se provam
de desejos que não se concretizam
a totalidade mente
apenas na
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Histórias alheias
Gosto de ouvir histórias alheias. Sinto que parte de mim se alimenta delas.
Uma vez, quando era mais nova, me disseram que sou boa em ouvir. Aquilo, de certa forma, se tornou pedaço de mim. Ouvindo, percebi que podia conhecer melhor as pessoas. Já disse Eduardo Coutinho*: "Ser ouvido é uma das necessidades mais importantes do ser humano. Ser ouvido é ser legitimado". Percebi que podia ajudar as pessoas a se legitimarem. Tudo muito egoísta, mas nem tanto.
Dizem que lemos histórias para viver mais coisas do que seria possível em apenas uma vida. Ouvi-las também me permite isso.
Ouvir permite conhecer outro ponto de vista, de alguém diferente de mim. Entender. Ter empatia. Ampliar a visão.
Permite encontrar pontos em comum com o outro. Mesmas dúvidas, angústias, alegrias. Saber que não estou sozinha nessa jornada tão estranha e solitária que chamamos viver.
Ouvir histórias alheias mostra que nossa vida tem um quê de magia. Aquelas situações tornadas corriqueiras pelo emaranhado da rotina podem retomar seu verdadeiro valor quando contadas da maneira certa. Nos dias em que nada faz muito sentido a não ser acabar, lembro desse quê (ainda que pequeno) de magia.
Prestar atenção nas histórias dos outros me faz vê-las como importantes e lembrar que a minha também importa.
*Citação tirada do documentário Eduardo Coutinho, 7 de Outubro.
Uma vez, quando era mais nova, me disseram que sou boa em ouvir. Aquilo, de certa forma, se tornou pedaço de mim. Ouvindo, percebi que podia conhecer melhor as pessoas. Já disse Eduardo Coutinho*: "Ser ouvido é uma das necessidades mais importantes do ser humano. Ser ouvido é ser legitimado". Percebi que podia ajudar as pessoas a se legitimarem. Tudo muito egoísta, mas nem tanto.
Dizem que lemos histórias para viver mais coisas do que seria possível em apenas uma vida. Ouvi-las também me permite isso.
Ouvir permite conhecer outro ponto de vista, de alguém diferente de mim. Entender. Ter empatia. Ampliar a visão.
Permite encontrar pontos em comum com o outro. Mesmas dúvidas, angústias, alegrias. Saber que não estou sozinha nessa jornada tão estranha e solitária que chamamos viver.
Ouvir histórias alheias mostra que nossa vida tem um quê de magia. Aquelas situações tornadas corriqueiras pelo emaranhado da rotina podem retomar seu verdadeiro valor quando contadas da maneira certa. Nos dias em que nada faz muito sentido a não ser acabar, lembro desse quê (ainda que pequeno) de magia.
Prestar atenção nas histórias dos outros me faz vê-las como importantes e lembrar que a minha também importa.
*Citação tirada do documentário Eduardo Coutinho, 7 de Outubro.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
TAG - Skoob: Minha Estante Virtual
Como estou de férias enterrada em séries e chocolate, vou responder mais uma TAG, Essa foi retirada da página do Skoob no fb. Eles lançaram em 2012 e estou levemente atrasada, mas o que vale é a intenção.
Eu gosto bastante do Skoob, que é uma rede social de livros, e uso pra organizar minhas leituras. Fora que eles sorteiam livros. Nunca ganhei, mas vai que um dia.
1) Quantos livros lidos você tem na sua aba LIDO no Skoob?
175 livros.
Pra ser sincera, eu acho pouco. Mas vida que segue.
2) Qual livro você está lendo?
Alguns (sou meio desorganizada). Se for pelo Skoob, 10:
-Lugares escuros, de Gillian Flynn
-Ariel, de Sylvia Plath
-Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf
-Verão no aquário, de Lygia Fagundes Telles
-As boas mulheres da China, de Xinran
-Orange is the new black, de Piper Kerman
-O amante, de Marguerite Duras
-A revista #10 de Sailor moon
-Paris é uma festa, de Ernest Hemingway
-O continente, de Erico Verissimo
Os dois últimos parei temporariamente porque meu projeto de leitura desse ano é ler somente livros escritos por mulheres.
3) Quantos livros você tem na sua aba vai ler?
116 livros.
Isso porque deixo de marcar vários livros que quero ler. Talvez pra não ficar com aquela angústia de "vida é tão curta pra ler tudo que eu quero".
4) Você está relendo algum livro? Qual é?
Não.
Não costumo reler livros.
5) Quantos livros você já abandonou? Quais são eles?
13 livros.
-O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë
-O corpo fala, de Pierre Weil
-O primo Basílio, de Eça de Queirós
-Antologia poética, de Murilo Mendes
-Wild cards, de George R. R. Martin
-Mídia: teoria e política, de Venício A. de Lima
-Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe
-Viagens na minha terra, de Almeida Garrett
-Elogio da loucura, de Erasmo
-Uma história social da mídia, de Peter Burke
-O palácio de inverno, de John Boyne
-O encontro, de Anne Enright
-Gran cabaret demenzial, de Veronica Stigger
Alguns pretendo retomar um dia.
6) Quantas resenhas você tem cadastradas no Skoob?
Seis.
Sei lá, tenho vergoinha de postar resenha lá.
Sei lá, tenho vergoinha de postar resenha lá.
7) Quantos livros avaliados você tem na sua lista?
15 livros.
8) Na aba favoritos, quantos livros você tem registrados? Cite alguns.
6 livros.
-Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles
-As meninas, de Lygia Fagundes Telles
-Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie
-Persépolis, de Marjane Satrapi
9) Quantos livros você tem na aba tenho?
193 livros (tanto papel quanto digital).
Surpresa, pois não esperava ter tantos livros.
10) Quantos livros você tem nos desejados?
Só 17 livros.
Eu uso pouco esse recurso porque prefiro fazer wishlists na Amazon. Inclusive, aceitando livros.
11) Quantos livros emprestados no momento? Quais?
No momento, nenhum livro emprestado.
12) Você quer trocar algum livro? Quais são?
Quero trocar 8 livros.
-Saudade, Claudio Hochman
-Viagens na minha terra, de Almeida Garrett
-O palácio de inverno, de John Boyne
-O encontro, de Anne Enright
-Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa
-Sete vidas, de Heloisa Seixas
-A farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente
-A hora do amor, de Álvaro Cardoso Gomes
Inclusive se alguém se interessar por algum deles, me avise.
-Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa
-Sete vidas, de Heloisa Seixas
-A farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente
-A hora do amor, de Álvaro Cardoso Gomes
Inclusive se alguém se interessar por algum deles, me avise.
13) Na aba meta, quantos livros você tem marcados? Cumpriu essa meta?
29 livros.
Cumpri 45% da meta até agora.
14) Qual o número no teu paginômetro?
40.146 páginas
15) Qual o link do teu perfil do Skoob?
Tinha que marcar cinco pessoas, mas vou só ~desafiar~ a Natália Corrêa (beijos, Nati) a fazer o mesmo porque ela é tão fã do Skoob que vale por cinco.
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Livro 16: A mão esquerda da escuridão, de Ursula K. Le Guin
Sinopse:
"Genly Ai foi enviado a Gethen com a missão de convencer seus governantes a se unirem a uma grande comunidade universal. Ao chegar no planeta Inverno, como é conhecido por aqueles que já vivenciaram seu clima gelado, o experiente emissário sente-se completamente despreparado para a situação que lhe aguardava. Os habitantes de Gethen fazem parte de uma cultura rica e quase medieval, estranhamente bela e mortalmente intrigante. Nessa sociedade complexa, homens e mulheres são um só e nenhum ao mesmo tempo. Os indivíduos não possuem sexo definido e, como resultado, não há qualquer forma de discriminação de gênero, sendo essas as bases da vida do planeta. Mas Genly é humano demais. A menos que consiga superar os preconceitos nele enraizados a respeito dos significados de feminino e masculino, ele corre o risco de destruir tanto sua missão quanto a si mesmo".
Sobre a autora:
"A escritora norte-americana Ursula K. Le Guin é um dos maiores nomes da ficção científica mundial. Seus trabalhos já foram adaptados para a televisão, para o cinema e até mesmo para o universo da animação. Vencedora de mais de 50 prêmios literários, também é poetisa, ensaísta e autora de livros infantis. Além de 'A mão esquerda da escuridão', é conhecida por obras como 'Os despossuídos', o ciclo fantástico 'Terramar' e o infanto-juvenil 'The farthest shore', além de ter sido indicada ao Pulitzer pelo livro de contos 'Searoad'".
Minha opinião:
Li A mão esquerda da escuridão para o clube de leitura #leiamulheres de maio.
(Super recomendo o clube)
Enrolei desde maio pra escrever sobre esse livro por se tratar de ficção científica. Como já disse, eu não conheço muito o gênero e não me sinto segura de discorrer sobre ele. Aqui vou colocar minhas opiniões e algumas visões que ouvi durante o clube.
O livro se passa em um planeta chamado Gethen. O planeta é extremamente frio, tendo sido chamado de Inverno pelos humanos no passado. A frieza permeia toda a narrativa. Seja no jeito dos personagens, nos costumes do planeta ou na narrativa (lenta, quase congelada).
Os habitantes de Gethen não possuem sexo definido. Eles são andróginos na maior parte do tempo. Uma vez por mês, cada habitante entra no chamado kemmer. Durante esse período, o habitante pode assumir tanto a forma feminina quanto a masculina. A mesma pessoa pode assumir as duas formas durante a vida. Também é somente durante esse período que ele sente desejo sexual. O protagonista, Genly Ai (um humano), é chamado de O Pervertido por eles por estar em "kemmer eterno" (eu ri quando li isso).
Eu tive um problema para imaginar os personagens porque a única pessoa andrógina que vem na minha cabeça é o Bill Kaulitz. Chegou uma hora que eu tava imaginando todo mundo como ele.
Bill Kaulitz, vocalista da banda Tokio Hotel |
Esse não-binarismo dos personagens pode gerar diversas discussões.
A própria questão do gênero é uma delas. Estamos acostumados a separar as pessoas em duas caixas: masculino e feminino. Tanto que a primeira pergunta que alguém faz sobre um bebê que ainda não nasceu é "menino ou menina?". A resposta dessa pergunta vai definir uma série de coisas na vida desse bebê, desde a cor do quarto até o quanto ele (ou ela) vai ser visto como ser humano. Imagina uma sociedade em que não há essa divisão e na qual as pessoas são os dois ao mesmo tempo.
Daí entra a questão do estranhamento e do preconceito. Genly Ai é muito preconceituoso. Ele diminui aqueles habitantes que apresentam características ""femininas"". Apenas um pequeno trecho pra sentir: "Agiam como animais, nesse aspecto; ou como mulheres". Ele é o típico homem da nossa sociedade.
Outra questão é o desejo sexual. Aparece uma teoria de que essa pulsão do desejo sexual, permanente em nós, é o que gera, por exemplo, as guerras. Falando assim, não faz tanto sentido. Tem que ler pra entender. O motivo de não existir grandes conflitos em Gethen seria a inexistência dessa pulsão, uma vez que o desejo sexual só se manifesta uma vez por mês e dura pouco.
A trama de Genly Ai aparece intercalada com histórias da mitologia do planeta (também com alguns relatórios e diários). Essas histórias podem parecer sem muito sentido, mas estão ali pra ajudar a entender a forma de pensamento e a visão daquele povo.
Le Guin cria um verdadeiro mundo. Um mundo que abriga conceitos como shifgrethor e que só fazem sentido no contexto dele. Admiro essa mulher.
A narrativa é lenta e detalhista tanto para nos fazer entrar no clima daquele planeta quanto para detalhar esse mundo diferente. É preciso paciência pra ler esse livro até o fim.
(A partir daqui, spoilers)
Uma pessoa do clube comentou que o livro é uma história de amor entre Genly e Estraven. Acho que é uma interpretação válida.
Genly não gosta de Estraven (vive falando que ele tem características ""femininas"", aff). Até que os dois estão sozinhos em uma barraca no meio do nada. Estraven está no kemmer. Então, Genly percebe que não gosta de Estraven por que ele poderia ser uma mulher. Ou seja, o protagonista se sente atraído por ele.
Estraven manda Genly ficar longe porque está no kemmer.
Por um microssegundo, a gente acha que vai rolar uma pegação intergaláctica bem louca. Não rola.
Mas acho a interpretação válida porque eles têm uma relação muito profunda.
Não vou entrar em maiores detalhes pra não entregar o final do livro. E porque isso depende de uma outra história mitológica que está lá.
O nome do livro vem de um poema presente na supracitada história mitológica.
Coloquei aqui porque eu fiquei esperando, durante toda narrativa, uma mão surgir do além.
(Fim dos spoilers)
Achei um livro muito bom.
Recomendo pra quem curte ficção científica (ou não) e tem paciência pra uma narrativa detalhista e lenta.
A própria questão do gênero é uma delas. Estamos acostumados a separar as pessoas em duas caixas: masculino e feminino. Tanto que a primeira pergunta que alguém faz sobre um bebê que ainda não nasceu é "menino ou menina?". A resposta dessa pergunta vai definir uma série de coisas na vida desse bebê, desde a cor do quarto até o quanto ele (ou ela) vai ser visto como ser humano. Imagina uma sociedade em que não há essa divisão e na qual as pessoas são os dois ao mesmo tempo.
Daí entra a questão do estranhamento e do preconceito. Genly Ai é muito preconceituoso. Ele diminui aqueles habitantes que apresentam características ""femininas"". Apenas um pequeno trecho pra sentir: "Agiam como animais, nesse aspecto; ou como mulheres". Ele é o típico homem da nossa sociedade.
Outra questão é o desejo sexual. Aparece uma teoria de que essa pulsão do desejo sexual, permanente em nós, é o que gera, por exemplo, as guerras. Falando assim, não faz tanto sentido. Tem que ler pra entender. O motivo de não existir grandes conflitos em Gethen seria a inexistência dessa pulsão, uma vez que o desejo sexual só se manifesta uma vez por mês e dura pouco.
A trama de Genly Ai aparece intercalada com histórias da mitologia do planeta (também com alguns relatórios e diários). Essas histórias podem parecer sem muito sentido, mas estão ali pra ajudar a entender a forma de pensamento e a visão daquele povo.
Le Guin cria um verdadeiro mundo. Um mundo que abriga conceitos como shifgrethor e que só fazem sentido no contexto dele. Admiro essa mulher.
A narrativa é lenta e detalhista tanto para nos fazer entrar no clima daquele planeta quanto para detalhar esse mundo diferente. É preciso paciência pra ler esse livro até o fim.
(A partir daqui, spoilers)
Uma pessoa do clube comentou que o livro é uma história de amor entre Genly e Estraven. Acho que é uma interpretação válida.
Genly não gosta de Estraven (vive falando que ele tem características ""femininas"", aff). Até que os dois estão sozinhos em uma barraca no meio do nada. Estraven está no kemmer. Então, Genly percebe que não gosta de Estraven por que ele poderia ser uma mulher. Ou seja, o protagonista se sente atraído por ele.
Estraven manda Genly ficar longe porque está no kemmer.
Por um microssegundo, a gente acha que vai rolar uma pegação intergaláctica bem louca. Não rola.
Mas acho a interpretação válida porque eles têm uma relação muito profunda.
Não vou entrar em maiores detalhes pra não entregar o final do livro. E porque isso depende de uma outra história mitológica que está lá.
O nome do livro vem de um poema presente na supracitada história mitológica.
Luz é a mão esquerda da escuridão
e escuridão, a mão direita da luz.
Dois são um, vida e morte, unidas
como amantes no kemmer,
como mãos entrelaçadas,
como o fim e a jornada.
e escuridão, a mão direita da luz.
Dois são um, vida e morte, unidas
como amantes no kemmer,
como mãos entrelaçadas,
como o fim e a jornada.
Coloquei aqui porque eu fiquei esperando, durante toda narrativa, uma mão surgir do além.
(Fim dos spoilers)
Achei um livro muito bom.
Recomendo pra quem curte ficção científica (ou não) e tem paciência pra uma narrativa detalhista e lenta.
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